2.1.10

Memória - Imperial do Campo Pequeno

O cenário não era muito promissor, para quem entrava pela área da tasca, sempre apinhada de “classe operária” barulhenta, com o ambiente de lugares lisboetas do passado, tonéis ao fundo e cheiro a serrim. Com a cabeça quase a desaparecer, movimentavam-se atrás do balcão uma figura com óculos de fundo de garrafa e um outro empregado redondo e sempre sorridente, que aviavam das melhores “sandes” de presunto da cidade, A sala, separada por um tabique, tinha fileiras de mesas, lugares lado-a-lado e frente-a-frente, toalhas e guardanapos de papel, ambiente solto e galhofeiro ao almoço, mais familiar e “tête-à-tête” ao jantar. Na cozinha, cuja azáfama se seguia à distância, pontificava a simpática dona da casa, cara fresca arredondada, auxiliada, entre outras, por uma vetusta senhora que parecia saída dos tempo do Fernando Pessa – ele também um cliente habitual, tratado com grande carinho. O dono fazia a sua aparição junto dos “habitués”, que eram muitos, anotando falhas e lembrando o serviço em atraso. A lista era curta, verde por fora, num plástico sebento, com acrescentos à mão. A “Imperial” fazia jus ao nome com uma óptima cerveja, que acompanhava camarões, antecedendo os pratos “substanciais”, em travessas de alumínio, de que recordo uma recomendável vitela assada e o cozido do sábado. Por cansaço do dono a "Imperial" fechou já há alguns anos. É a vida!

11 comentários:

  1. Anónimo2/26/2006

    Bem merecido ! A Imperial era uma catedral, não digo de gastronomia de topo, mas de uma cozinha cuidada e com um ambiente que vai desaparecendo em Lisboa.

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  2. Anónimo2/26/2006

    Que saudades.
    Era a única, naquela altura, para mim anos 60 / 70.
    E a fábrica de cerveja, em frente, que dava um movimento extraordinário áquela zona.
    A Imperial vai ter um prédio novo em cima.
    A fabrica de cerveja é um terreno baldio que se mantém há anos.
    Para especulação.
    Hoje, naquela zona, existem dezenas de restaurantes abertos pós Caixa Geral de Deepósitos. Mas, qualidade, bye bye.

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  3. Porque não encontrei este lugar antes ?

    Continua com o teu trabalho. Parabéns

    http://multimilionario.blogspot.com/

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  4. Anónimo2/27/2006

    Até morrer foi o restaurante preferido do Fernando Pessa.
    Tinha o privilégio de ter uma mesa marcada.

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  5. Anónimo2/27/2006

    Que saudades da Imperial!!!
    Parabéns pelo Blog, que vem preencher uma lacuna cultural fundamental!
    Pedimos-lhes que verifiquem estas nossas modestas sugestões:

    Lampreia - para nós a melhor é a da "Tasca do João", estrada do Lumiar, Lisboa.

    Peixe fresco e marisco - o "caravela", em São Martinho do Porto, junto ao cais.

    Também temos saudades do São Rosas, em Estremoz.

    Por hoje é tudo, mas não deixaremos de contribuir para esta profunda discussão, sempre que for oportuno!

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  6. Anónimo2/28/2006

    No Campo Pequeno, mais propriamente na Rua de Entrecampos, junto à linha do comboio, come-se belo peixe fresco assado no Entrecopos. Experimentem a cabeça de garoupa, ou os robalos da Praia da Adraga.
    Ainda para o peixe fresco assado, temos o Orelhas, em Queijas. Muito recomendável.

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  7. Anónimo7/20/2007

    O Sr. José Ferreira que me desculpe mas o Poeta Fernando Pessoa nunca conheceu a cervejaria Imperial do Campo Pequeno que ficava na Sacadura Cabral ao Campo Pequeno e vou-lhe dizer porquê,primeiro porque ele faleceu no dia 30 de Novembro de 1935 e em segundo lugar quem abriu esse estabelecimento no inicio dos anos cinquenta foi o meu pai e que pouco tempo depois deu sociedade ao ultimo proprietário, pessoa que eu conheçi bem e que agora não me recordo o nome.Talvez esteja a fazer confusão com outra cervejaria que ficava junto à praça de touros do Campo Pequeno, que era o José Ricardo, onde o meu pai tambem trabalhou cerca de 20 anos desde os finais dos anos 30.Local onde tambem se comia e bebia bem pela noite dentro.
    Américo Dias

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  8. Anónimo7/20/2007

    Não era a única cervejaria do genero que existia na altura em Lisboa, existia o Jose Ricardo, a Brilhamar na Av. de Roma, a Alga junto à Av. de Roma o Tico Tico ao lado do Jé do Rio que depois se juntaram e ainda hoje existe na Av. Rio de Janeiro, entre tantas outras.

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  9. Anónimo7/20/2007

    As minhas desculpas para o Sr. Jose Ferreira li mal o seu comentario tinha escrito Fernando Pessa e eu li mal pensei que fosse Fernando Pessoa.
    Americo Dias

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  10. Anónimo11/21/2009

    necessario verificar:)

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  11. Os Irmãos Andrade e outros do grupo dos Parodiantes de Lisboa eram frequentadores habituais. Muitas vezes lá os vi.

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