28.9.14

O Funil

"O Funil" foi, por muitos anos, um restaurante clássico, sólido, numa zona pouco pródiga a bons exemplos gastronómicos como é a da avenida 5 de outubro, no topo junto ao Saldanha.

Da época da criação de "O Funil", do início dos anos 70, creio que resta apenas "A Colina", na rua Filipe Folque, junto à avenida Duque de Ávila (onde continua a comer-se bem, agora com um agradável andar superior) e, um pouco mais longe, na avenida Conde Valbom, a "Laurentina" do bacalhau. Isto, claro, se não contarmos com a vizinha avenida da República, onde ainda subsiste, com garbo e graça, a "Versailles" e, do outro lado, esse monumento à nostalgia que ainda é o "Galeto" (creio que o único restaurante onde os preços sobem depois das 22 horas). Quase tudo o que de interessante houve por ali por perto, foi desaparecendo, desde o clássico "Toni dos Bifes" ao excelente "5 do 10", já para não falar do dueto maravilha que eram o "Monumental" e o "Montecarlo".

Voltemos a "O Funil". Há uns anos, tinha passado por lá, subi a escada ao andar superior e encontrei uma casa preservada, mas sem nenhuma graça especial, salvo o facto de ser ainda então, como sempre foi (e como "A Colina" ainda é), um restaurante de famílias, nos fins de semana. Ontem, deu-me para ir por lá de novo. E, devo dizer, tive uma surpresa muito agradável.

No aspeto, "O Funil" mudou imenso. Reabriu em agosto. É agora no rés-do-chão, num espaço moderno, muito bem decorado. A lista tem um bom equilíbrio, com sete entradas, oito pratos de carne e outros tantos de peixe, basicamente assente na cozinha portuguesa tradicional. Provaram-se umas ótimas entradas de alheira, umas lulas à algarvia com arroz de alho (tenríssimas!) e um excelente ensopado de borrego, no tacho, como mandam as regras. Para uma outra vez, iremos fazer outras "visitas" à lista, tentando alguns "clássicos" (arroz de tamboril e camarão, bacalhau à Braz, as carnes de porco à alentejana e à portuguesa, o arroz de pato à antiga e o cordeiro de leite). Se a qualidade acompanhar o que ontem provámos, o sucesso da casa está garantido. Ah! e nas sobremesas, provámos dois doces estupendos, dentro doçaria portuguesa tradicional. À lista de vinhos, com preços muito razoáveis, fazem falta alguns rótulos mais conhecidos, nomeadamente do Douro e Alentejo, mas o vinho recomendado pela casa era excelente. O preço final foi muito razoável. Ao almoço, segundo nos informaram, há um menu especial, com valores em conta.

O serviço foi atentíssimo, conhecedor e diligente. Só se pode esperar que tudo assim se mantenha. "O Funil", num registo estético muito diverso da velha casa tradicional, soube conservar a sua fidelidade à culinária portuguesa, modernizando-a sem a descaraterizar. É uma ótima opção, numa área onde não há muitas. E onde, à noite, é ainda possível encontrar lugar para estacionar. Experimentem! Mas não vá lá hoje, domingo, porque é o dia que fecha.

"O Funil", avenida Elias Garcia, nº 82, Lisboa, tel. 217966007

2 comentários:

  1. Ali perto, no n.º 13 da referida Avenida 5 de Outubro, gosto de visitar o "Cave Real", com uma ementa assente em pratos de cozinha tradicional portuguesa e algumas boas sobremesas alentejanas, sempre com um atendimento muito simpático e profissional.

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  2. Ali perto, no n.º 13 da referida Avenida 5 de Outubro, gosto de visitar o "Cave Real", com uma ementa assente em pratos de cozinha tradicional portuguesa e algumas boas sobremesas alentejanas, sempre com um atendimento muito simpático e profissional.

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