8.1.14

Mesas perdidas

Numa Lisboa fulgurante em novidades de restauração, mesmo em tempos de crise, ocorre, por contraponto, talvez inevitável, o encerramento de alguns restaurantes tradicionais. Hoje quero dar nota de dois.
 
A maior surpresa, pelo menos para mim, foi o fecho do "Coelho da Rocha", na rua do mesmo nome, uma espécie de "Gambrinus" de Campo de Ourique, um lugar onde se ir para almoços profissionais e para jantares de amigos, com um serviço clássico sempre de muito boa qualidade e atenção profissional. Tal como na supracitada casa da Baixa, de onde eram originários os fundadores do "Coelho da Rocha", as refeições começavam com as torradas molhadas em manteiga, um choque de colesterol e gosto. Em especial, havia por lá o famoso empadão de lebre, que ali chamou gerações de glutões.
 
O segundo encerramento a notar foi o da "Isaura", um restaurante na avenida de Paris, já perto da avenida Almirante Reis. Da última vez que por lá passei, achei o restaurante triste e sem chama, o que se refletia mesmo num serviço que já fora mais atencioso e discreto. Mas havia sido um lugar de muito boa comida, também num género lisboeta tradicional. Logo à entrada, depois de um espaço cuja utilidade nunca descortinei, descia-se uma escada difícil para uma sala ampla, rodeada de estantes onde pousavam os vinhos, cuja escolha, no meu caso, justificava quase sempre uma peregrinação cuidada. Nos fins-de-semana era pouso de famílias dos bairros vizinhos, muitas vezes com crianças. Tinha a belíssima caraterística de estar aberto aos domingos.
 
Deixo aqui imagens do "Coelho da Rocha" (em cima) e do "Isaura" (em baixo).

Eusébio e os restaurantes

Eusébio da Silva Ferreira, que agora morreu, era um homem que gostava da mesa, da comida, das longas conversas com amigos.

A "Adega da Tia Matilde" (na imagem) era, sem a menor dúvida, o seu local preferido. Vi-o por lá algumas vezes. Na tradicional casa da rua da Beneficência, onde Eusébio almoçava quase diariamente (depois de uma recente "alta" hospitalar, insistiu ir diretamente para lá), continua a comer-se muito bem. E é o único lugar que pode reivindicar, com justiça, o estatuto do "restaurante do Eusébio".

Já há uns anos, via-o também muito pelo "A Paz", no largo da Paz, à Ajuda. As poucas palavras que, em toda a vida, troquei com Eusébio foram precisamente nesse restaurante, que chegou a ser um marco na zona ocidental da cidade.

Um outro local que Eusébio frequentava, em especial com grupos de amigos ou em datas especiais, era o "Solar dos Presuntos", na rua das Portas de Santo Antão, um clássico lisboeta, de muito boa qualidade, muito marcado pela figura do seu proprietário, Evaristo, que chegou a desempenhar as funções de cozinheiro da seleção.

Mais recentemente, Eusébio - dizem-me - parava com frequência no "Sete Mares", uma excelente cervejaria na avenida Columbano Bordalo Pinheiro, entre a praça de Espanha e Sete Rios.

7.1.14

O fim do Shis?

Era um excelente restaurante, num sítio que considerávamos privilegiado, sobre a praia da Foz, no Porto. O Shis não terá resistido à fúria das ondas, na tarde de ontem.

Terei imensa pena se o Shis vier a desaparecer. Almocei e jantei por lá várias vezes, com familiares e amigos que, estou certo, partilharão esta minha tristeza.