26.4.18

As espanholas - estão caras mas bem boas!


Não me recordo da primeira vez que comi no “31 da Armada”, no largo da Armada, a dois passos do Ministério dos Negócios Estrangeiros. Mas deve ter sido ainda em 1975, na descoberta que eu então fazia das paragens das redondezas onde poderia amesendar à hora de almoço, acabado de entrar na carreira diplomática.

A verdade é que ninguém chamava esse nome ao restaurante: era conhecido como “as espanholas”, provavelmente por ser propriedade ou gerido por senhoras daquela origem. Passei por ali, com pouca regularidade, nesses anos. Depois, só voltei muito a espaços, a penúltima vez das quais para jantar, num domingo, numa casa quase deserta. As memórias da comida das “espanholas” não são de molde a trazer-me lembranças notórias. Mas, podendo estar enganado e a ser influenciado pela vizinhança ibérica, creio que por lá havia umas Lulas à sevilhana. Mas isso foi há muitos anos.

Ontem passei por lá. Havia estacionamento e uma mesa “à fresca”, no belo 25 de abril que este ano nos saiu em boa rifa. Notei que o restaurante teve uma forte “renovada”. Está irreconhecível. Mudou em tudo. Lá dentro, na decoração, não gostei, achei pesado, algo pretencioso. Mas isso é o menos.

Cá fora, na esplanada, as mesas são agora metade do que eram, sendo muito difícil acomodar as coisas. Os preços, esses, subiram três vezes aquilo de que me lembrava.

E a comida, perguntará o leitor prático? Essa, meus amigos, melhorou quatro ou cinco vezes mais. Comi uma Vitela Branca maturada com Linguini de Trufa que foi das melhores coisas que me caíram no prato desde há várias semanas. O serviço, onde não descortinei portugueses, é muito simpático, embora um tanto errático. Vou voltar? Talvez, mas é um local um pouco caro, muito para a vaga de turistas, embora tenha um menu executivo para almoços.

Nota à margem: bem perto, a cem metros, fui à Gleba, uma fábrica de pão. Que maravilha! Não percam!


22.4.18

Algum Minho à mesa



Um fim de semana no Minho deu para algumas incursões gastronómicas. Aqui ficam telegráficas notas das visitas, para quem estiver interessado:

CENTURIUM (Braga)

É um edifício antigo, bem modernizado, na Avenida Central de Braga. Uma lista “a puxar” para o caro, com alguma ambição. Uma experiência que, contudo, ficou um pouco aquém da expetativa. Nota para um serviço muito atento e profissional.

EL OLIVO (Braga)

No Hotel Melià, em Braga, há um excelente restaurante! Já me tinham dito e confirmei. Carta com alguma diversidade, com hipóteses de “defesa” em matéria de preços. Vou voltar.

RETIRO DA CABREIRA (Vieira do Minho)

Não tivemos sorte com a ocasião. A sala estava deserta, nesta moradia a escassos quilómetros de Vieira do Minho. Lista inteligentemente curta, mas com o essencial. Cometemos um erro: pedir cabrito à noite, quando é sabido que ele se prepara de manhã. Mas vamos voltar um dia, porque a casa promete, as entradas eram ótimas e a carta de vinhos simpática.

O ABOCANHADO (Campo do Gerês)

Andava há anos para visitar este belíssimo espaço em Bufre, no meio do Gerês, com bela vista sobre a barragem de Vilarinho das Furnas. Para se lá chegar é preciso andar um pouco, bem adiante de São Bento da Porta Aberta. Foi um almoço simpático embora não deslumbrante. A lista é muito bem construída, os vinhos são bons (embora um tanto carotes), o serviço agradável. 

VICTOR (São João de Rei, Póvoa de Lanhoso)

Comer outra coisa que não seja o bacalhau seria sempre um sacrilégio no Victor. Com a atenção costumeira do patrão, provámos um “fiel” pescado, demolhado no ponto, de boa qualidade. Antes, provei aqueles que considero terem sido os melhores bolos/pastéis de bacalhau que comi em toda a minha vida (e sou um “habitué” do produto). O senhor Victor tem a tese de que, sendo os ovos do seu quintal, isso faz toda a diferença. É capaz de ter razão. O que importa é que se comeu muito bem, como sempre me aconteceu por ali, há muitos e muitos anos.

POUSADA DA CANIÇADA (Caniçada, Gerês)

Há muito que se deixou de comer barato nas pousadas mas, em compensação, raramente tenho tido más experiências, nos últimos anos, em qualquer daquelas que visitei. Foi agora o caso da Caniçada, onde pernoitei por uns dias (isto diz-se?). Pratos bem apresentados, saborosos, com produtos de qualidade, revelando que quem está na cozinha tem “métier”. O serviço foi muito profissional, não deixando de ser acolhedor e simpático.

CANEIRO (Arco de Baúlhe)

Era um endereço que trazia em agenda, há anos. O Arco do Baúlhe, a dois passos da A11, não fica muito “à mão de semear”, mas fiz um esforço para lá passar. O restaurante está modernizado, “confortabilizado” sem arrebiques excessivos, com um serviço muito atento e um ritmo bem oleado. Comemos lindamente, com um preço muito aceitável, vinhos “em conta”. Vou contar aos amigos e voltar quando puder.