27.6.21

Cimas (Estoril)


Há muitos anos, quando criança, nos intervalos dos jogos de futebol no campo do Calvário, em Vila Real, lembro-me de ouvir, com a voz grave e pausada da locução da época, um anúncio aos então afamados relógios Cyma.

Essa publicidade tinha um lema que, ao que me dizem, ecoava então um pouco por todo o país: “Acima de Cyma, só Cyma!”, para sublinhar a qualidade dita insuperável desses relógios. Depois da frase, o locutor dizia o nome e endereço da casa de relojoaria de Vila Real onde se comerciavam os aparelhos.

Lembrei-me disto ontem, acabado de jantar no Cimas, sobre a estrada que liga os Estoris (uma fórmula antiga de que gosto muito) a Cascais. Este antigo “English Bar“, hoje “Restaurante Cimas”, sob a mão competente de José Manuel Cimas Sobral, continua a ser um marco impressivo da restauração portuguesa.

Agora com um novo espaço num terraço superior, que neste bom tempo substitui a bela sala de madeiras que lhe fez o nome (o restaurante, imaginem!, existe de 1952!), o “Cimas” é sempre um porto seguro de excelente restauração. É barato? Não é. Mas, posso dizê-lo, tem uma relação qualidade-preço muito boa. E todos os restaurantes de qualidade, como é manifestamente o caso deste, merecem ser destacados.

Ecoando a publicidade de outrora, apetece-me dizer, depois da magnífica experiência que tive na noite de ontem, de que deixo uma despretensiosa imagem fotográfica: "Acima de Cimas, só Cimas”!

1.6.21

O “Ribas”, na Ericeira


Tenho a sensação que, de todas as vezes que almocei ou jantei na Ericeira, acabei por assentar num sítio diferente (verdade seja que gosto de “saltitar” entre restaurantes). Na minha vida, não recordo ter comido muito por lá, talvez uma dúzia de ocasiões. Faço uma ressalva para os três meses de tropa em Mafra, em que se ia jantar com frequência à Ericeira, para tentar atenuar o trauma gastronómico do “almoço” no Refeitório dos Frades - mas isso ainda foi num tempo em que alguns militantes mais velhos do Chega talvez ainda andassem pela Ação Nacional Popular.

Sempre que amigos e conhecidos me pediam uma recomendação na Ericeira, fiados no mito de que conheço muitos restaurantes, eu hesitava bastante e, a medo, lá acabava por indicar uma ou outra marisqueira - o que é sempre um comodismo fácil em terra de peixe e marisco. Mas, confesso, embora a terra tenha coisas estimáveis, fazia-o sempre sem grande convicção.

Isso acabou este fim de semana! Graças à dica de um amigo que sabe da poda, tive uma experiência magnífica no “Ribas”, bem no centro, junto à muralha onde, em vários anos, ia de propósito de Lisboa, em romagem, comemorar o 5 de outubro, no meu republicanismo radical. 

O “Ribas” tem uma sala ampla, confortável e com decoração elegante, com todas as condições de segurança sanitária, importante para os tempos que correm. O serviço é discreto, eficiente, educado, por profissionais muito bem “equipados”, dando nota de uma cuidada “ordem unida” (expressão herdada do meu tempo militar por ali).

E, o que é mais importante, come-se lindamente no “Ribas”! Tem excelente peixe (mas não só), numa lista onde havia muitos mariscos (que, contudo, não experimentei), tudo com uma bela apresentação. A lista é muito equilibrada, tem uma seleção de vinhos muito boa. Os preços são o expectável para uma qualidade geral bem acima da média.

Vou voltar, logo que puder, ao “Ribas”. E, finalmente, já vou poder recomendar, sem hesitar, uma mesa na Ericeira.