21.12.24

"Quem quer regueifas?"

 


Sou de um tempo em que, à beira da estrada antiga entre o Porto e Vila Real, havia umas senhoras a vender regueifas. Aquele pão também era proposto, à passagem em Valongo ou em Paredes, a quem ia de comboio na linha do Douro ou viajava nas camionetas do Cabanelas, com vozes a inquirir, bem alto: "Quem quer regueifas?" 

A regueifa, tostada ligeiramente por fora, tem uma textura muito própria e liga lindamente com qualquer doce, ou barrada simplesmente com manteiga. Para mim, o maior defeito da regueifa é que, passadas algumas horas, o miolo torna-se borrachoso e passa àquilo que, em minha casa, se costuma designar por "fase Firestone" dos pães. Acontece o mesmo com as baguetes de pão francês. Para evitar isso, só há uma solução: congelar ou comer logo. Sou um adepto militante da segunda solução.

Na nova A4, não há regueifas à venda, claro. E, ontem, sei lá bem porquê, talvez nostalgia de outros Natais, apetecia-me comer uma regueifa. Por isso, saído do Porto, deu-me para regressar à "estrada velha" e ir à procura de regueifas. Bati com o nariz no balcão de várias casas: as regueifas já estavam esgotadas, tinham-se vendido da parte da manhã. Para um cliente vespertino como eu, era uma péssima notícia. Mas não desisti. E, com a ajuda do "tio Google", consegui comprar uma bela regueifa nos arredores de Penafiel (embora o seu formato não seja o clássico que figura na imagem). Deixo o nome da casa, uma magnífica pastelaria, com serviço extremamente atencioso, não longe do hospital: "Cacaulate". Entrei à procura de regueifas, deixei-me atrair também pelos doces. É a vida! Tão cedo não faço análises, é o que me vale...

17.12.24

"Magano" (Lisboa)


Não sou um cliente habitual, sou apenas um episódico visitante do "Magano", o clássico restaurante na Tomás da Anunciação, em Campo de Ourique. Na minha vida, terei ido lá menos de uma vintena de vezes.

Por que não vou lá mais? Porque é um local muito procurado, com reservas sempre difíceis no próprio dia ou mesmo de véspera, não obstante ter preços que se não podem qualificar de baratos. Mas, se tem esse tipo de preços, por que diabo está sempre cheio? Porque se come ali excecionalmente bem. De todas as vezes que por lá almocei ou jantei, e isso vai já muito longe na minha memória, não recordo de ali ter comido mal, ou melhor, só tenho na ideia ter comido sempre muito bem no "Magano". 

Voltei, com uns amigos, no passado sábado, de propósito para experimentar a nova ala que foi criada numa casa ao lado, com um espaço muito funcional e agradável. E, como sempre, comemos lindamente! Todos nós! Se gosta de cozinha alentejana, o "Magano" é uma magnífica escolha. O serviço é muito atento, às vezes até um pouco pressionante demais, e há por ali uma bela carta de vinhos. 

E, por falar em vinhos, se sair do "Magano" e atravessar a rua, encontrará do outro lado a "Garrafeira de Campo de Ourique", onde a família Santos há décadas nos orienta nas melhores escolhas. De nada!

14.12.24

"Snob Bar" (Lisboa)


Ele aí está, de regresso, como muita gente desejava, a começar por mim. O encerramento do Snob acabou por ser de curta duração, mas foi o tempo suficiente para que tivesse sido feita uma agradável mudança na sua arquitetura interior e uma modernização, muito bem conseguida, da sua lista, com aumento e qualificação da oferta. As duas salas tradicionais mantêm-se.

Fui lá jantar ontem, ainda antes da inauguração oficial, que terá lugar na 2ª feira: tinha visto a notícia da reabertura num jornal e reservei pelo Fork. Foi tudo muito bom! Pedimos o clássico bife, que veio com uma carne do lombo excelente, e um bacalhau à Braz de muita qualidade. Abrimos com a partilha de uma dose de gambas ao alho, tudo no ponto. As sobremesas eram bastante boas. A lista de vinhos (e outros alcoóis) é adequada (o limoncello é um acrescento que sugiro). Os preços são razoáveis, desejando-se que seja possível manterem-se assim.

O serviço, agora com a marca de qualidade do sempre excelente Café de São Bento, deixa a anos-luz o atendimento, esforçado mas muito menos profissional, que o velho Snob oferecia. Mas, claro, não esqueci por ali a figura do senhor Albino, que, depois da reforma da dona Maria, tinha passado, desde há já uns anos, para a cozinha. Com o fim do fumo, o velho Snob tinha sofrido uma grande machadada na clientela, como o próprio senhor Albino reconhecia. Ainda bem que o Snob pode ter agora uma continuidade, sem contudo se descaraterizar.

O Snob estará aberto todos os dias da semana, entre as 19.00 horas e as 02.00 da manhã.

Muito boa sorte é o que lhe desejo! Continuarei cliente, claro.