18.1.25

"Fago" (Marvão)


Trouxemos para o Alentejo um amigo que não gosta de coentros, o que, em matéria de restaurantes, obriga a algum jogo de cintura. Ontem, decidimos ir ao Fago, um pequeno (16 lugares) restaurante de "cozinha de autor", em Marvão, de que eu ouvira falar bastante bem. Conseguiu-se conciliar a restrição do nosso amigo com o menu algo sofisticado, e não muito longo, que a casa oferece. E saímos bastante satisfeitos.

A cozinha é dirigida por Diogo Branco e a sala por Daniel Boto, um dos eixos do festival de música do burgo, numa aliança de vontades que parece condenada ao sucesso. O ambiente é elegante, mas agradavelmente solto, sem ser excessivamente produzido. Imperou a simpatia no atendimento. Escolhemos três entradas, três pratos e duas sobremesas. Se forem ao site, adivinharão as escolhas. A lista de vinhos, com fortíssima componente de origem local, era impressionante. Fomos para um vinho simples do estremocense Howard's Folly, com um preço razoável para os tempos que correm. A refeição foi avançando a bom ritmo, sem falhas e com algumas simpáticas surpresas. No Fago não se vive sob a pressão do tempo, pelo que o jantar fluiu sempre com harmonia. A mesa foi a da fotografia, mas demos-lhe a devida animação.

O Fago consegue uma produção gastronómica de excelente qualidade - a julgar pela carta que ensaiámos e fomos informados que outras vão surgindo com o rodar dos tempos. O espaço não está aberto de forma contínua, pelo que se recomenda reservas com antecedência, tanto mais que os lugares são limitados.

O preço foi adequado à qualidade do que foi consumido. Mas este é, como é óbvio, um critério que assumo como muito pessoal e intransmissível. Ah! E o nosso amigo, entre outras coisas, gostou da belíssimas azeitonas que chegaram à mesa. Com sementes de coentro que ele nem notou...

17.1.25

"Bougain" (Cascais)


O "Bougain" situa-se bem no meio de Cascais, tendo próximo o estacionamento público junto da estação ferroviária. Entra-se por um jardim muito agradável, onde fica um bar e onde também se pode comer, mesmo em tempo mais frio, com a ajuda de aquecedores. Optámos pelas salas interiores, um espaço não muito grande, decorado com gosto (na imagem, um pormenor do teto), onde prevalecem umas mesas redondas, tipo café, que tornam menos confortáveis as refeições com mais de duas pessoas. Já na anterior "encarnação" do "Bougain" era assim. Repensar isto não seria mau.

O restaurante, desde há uns tempos, passou a ser propriedade do grupo que detem os lisboetas "Café de S. Bento" e agora o "Bar Snob". A filosofia da construção do menu, que mudou radicalmente do que existia na gestão anterior, é claramente tributária dessa nova "escola". Trata-se de uma oferta fixa, com cinco peixes e cinco carnes, além de uma escolha diversificada de entradas e sobremesas. A carta de vinhos, não muito longa, começa acima dos €30 euros. Uma refeição com três componentes não fica abaixo dos €50 euros/pessoa.

Tudo o que se comeu - e foram coisas muito diferentes - estava magnífico e muito bem apresentado. O serviço, com um excelente e conhecedor chefe de sala brasileiro, foi de primeira qualidade, com grande cuidado às mesas, por parte de todos os funcionários que nos atenderam. Noto que, perante uma pequena deficiência detetada, houve no final uma "atenção" da casa, descontando nas sobremesas.

O novo "Bougain" é uma muito boa notícia para a restauração de Cascais. Estará um pouco "overpriced"? Talvez, mas o espaço e a qualidade da comida e serviço tornam a equação satisfação/preço muito aceitável. Pelo menos na minha opinião.