31.1.13

O Comilão

Que ninguém quem pense que vai encontrar "estrelas" do Michelin no "Comilão". O restaurante é um pouso sereno, sem grande esmeros a nível de decoração, numa rua com imensas dificuldades de estacionamento, com uma gastronomia estável e - de há muito o percebi - sem grandes pretensões. É hoje um dos mais tradicionais restaurantes do bairro de Campo de Ourique, um local de famílias, onde muitos se conhecem de há muito e todos se sentem em casa.

Uma das curiosidades do restaurante é a presença constante, em especial ao almoço, de figuras de um determinado setor da classe política, que, pelo menos por agora, anda bastante ocupado. As paredes do restaurante espelham bem esse pendor maioritário, o que não obsta a que outros clientes, de outras orientações, continuem a ser fiéis do local. Sei do que falo...

Não sendo, decididamente, um "must" em matéria culinária, por que diabo recomendo "O Comilão"? Porque é um local amável, com o acolhimento inexcedível do sr. Cardoso (que é do Sporting) ou do sr. Nelson (que é do Benfica), que são meus amigos de há muito e que sempre me dizem o que hei-de comer. Sinto-me sempre bem no "Comilão", pronto! Veja onde é aqui. E experimente!

Restaurante O Comilão
Rua Tomás da Anunciação, 5A
Lisboa
Tel.  213 962 630

30.1.13

Painel de Alcântara (RESTAURANTE ENCERRADO)

Nos idos de 87/88, comecei a frequentar o "Painel". Estava aberto há pouco. Havia então por lá a Zezinha, sempre gentil, ao balcão, do lado esquerdo de quem entrava naquela casa pequena e esconsa, situada no dédalo operário de Alcântara, um pouco além do muito estimável "Alazão", perto do simpático, mas instável, "Cuidado com o degrau". Seco de carnes, agitado no gesto, educado na atitude, o Cardoso era (e é) um mouro de trabalho, que ia às 5 da matina ao mercado sacar, para nós, os melhores produtos. Tinha então o louro Zé na cozinha (onde ele próprio está hoje), que entretanto desapareceu da circulação, depois de termos conseguido, aí por 90, evitar-lhe por algum tempo a incorporação militar (numa conspiração de "bloco central" baseada em meras, mas consistentes, considerações egoístico-gastronómicas). O cardápio era simples: abriam o queijo e o presunto, com bom o vinho da casa, seguia-se uma lista farta, as pataniscas com o insuperável arroz de feijão a dominar (lembra-se, Alfredo ?), o excelente cabrito assado, o cozido das 4ªs e as favas guisadas com entrecosto, capazes de humilhar as primas de Tormes. Depois, o "Painel" alargou-se à casa ao lado, a Zezinha foi-se pela vida, o Cardoso casou, teve filhos, chamou os irmãos, houve noites com fados, a casa entrou (felizmente) na moda da noite lisboeta. Mas o nosso Cardoso não desistiu: ficou sempre pelo "Painel", não adormeceu à sobra do sucesso. Perdeu (contra o meu conselho) a aposta ousada de tentar recuperar a "Cesária", mas manteve incólume, com o seu trabalho, a grande qualidade da sua comida e o seu serviço ímpar. O meu amigo Cardoso é um grande Senhor da restauração lisboeta, um homem bom e um excelente profissional. Lisboa, por natureza, não reconhece méritos; se outra fosse a atitude da cidade, o Cardoso merecia uma medalha. Assim, tem apenas o nosso reconhecimento e a amizade sincera de quem o estima. Conhecendo-o, acho que lhe chega.
 
"O Painel de Alcântara", Rua do Arco, 7, 
Lisboa
Tel. 213 965 920

Estacione em casa...

29.1.13

Museu dos Presuntos (RESTAURANTE ENCERRADO)

Se não é um frequentador regular, como é o meu caso, mas apenas episódico, e está à espera de grandes novidades na ementa, desengane-se. Nesta casa pratica-se uma comida regional sólida, com pratos há muito testados e que são uma espécie de rosto da sua tradicional oferta gastronómica. Por isso, a lista chega a parecer algo monótona, mas, se bem lida, vê-se que tem um equilíbrio próprio, dá grande segurança e oferece opções muito diversas. As incursões regulares do meu amigo Silva pela zona do Barroso permitem-lhe assegurar um permanente abastecimento de óptimos produtos da região, ao mesmo tempo que o Douro é a zona forte da magnífica garrafeira, com preços bastante razoáveis, em especial para o que por aí se vê. O presunto é sempre de primeira qualidade, a vitela barrosã é a base da bela “posta”. Não se espraie muito pelas apetitosas entradas, porque tem de estar disponível para o que vai seguir-se. O serviço pode ser um pouco lento em dias de casa cheia, mas é sempre simpático e acolhedor. Um “senhor” restaurante, um dos melhores, senão o melhor de Vila Real – que me desculpem os outros, mas a culpa é exclusivamente deles! Uma alternativa: se as mesas dos "habitués", à esquerda de quem entra, não estiverem preenchidas, o que é raro, pode provar apenas uns petiscos com vinho da casa, em malga... 
Museu dos Presuntos

Avenida Cidade de Ourense, 43
Vila Real
Tel. 259 326 017


28.1.13

Chaxoila

Se há muito não vai ao Chaxoila, saiba que está diferente. Uma nova gerência tomou conta, desde há escassos anos, desta que é uma das casas mais tradicionais de Vila Real.

O espaço deste restaurante bem antigo, para além de se ter "confortabilizado" na zona interior, tem agora uma zona protegida por vidro que pode ser muito interessante no inverno. A área exterior, com a tradicional esplanada sob a ramada, é um sítio magnífico, especialmente em noites de verão. Pena foi que o piso não tivesse sofrido um arranjo que evitasse uma certa desarmonia com o mobiliário, com consequências incómodas. O serviço é "solto", simpático e quase jovial, o que nos faz esquecer algumas imprecisões. A cozinha começa a estar sólida, embora não deslumbrante, pelo que será de desejar algumas melhorias. A carta de vinhos é excelente, com os Douros naturalmente em evidência.

Nota ao visitante: saia da IP4 em Vila Real Norte, tome a direção da estrada antiga para Chaves. O Chaxoila está 200 metros à direita.

Restaurante Chaxoila
Estrada nacional Vila Real-Chaves
Tel 259 322 654