23.12.13

Tasquinha do Matias

O meu pai, para quem estar à mesa sempre constituía uma perda de tempo, costumava ter esta frase, de cada vez que eu fazia uma viagem para visitar um restaurante: "Isso é uma inferioridade!" Na noite de ontem, se ele me tivesse visto andar quase 100 quilómetros para ir jantar a um restaurante perto de Tarouca, ido de Vila Real, imagino as ironias que teria de encaixar. Contudo, confesso que tenho muita pena de as não poder ouvir.

Há muitos anos que não ia a Ucanha, uma localidade que vive justamente orgulhosa da sua Torre medieval e da notável ponte, que me lembra a de Mostar, na Bósnia-Herzegovina. Fica, nos dias de hoje a escassos quilómetros da A24, bastante perto de Tarouca - e, se tiver tempo, aproveite-se para visitar também esta bela localidade.

Uma dica, há dois dias, deu-me a conhecer "A Tasquinha do Matias", que vim a constatar ser um simples mas excelente restaurante local (bem assinalado por indicação rodoviária, o que é raro), dirigido pela mão de mestre da simpática D. Filomena Matias Pinto. Porque todo o tempo não é demais nesta vida, cinco minutos depois estava eu a telefonar à senhora (938 714 321) e a arrematar uma jantarada para a noite de domingo. O nevoeiro esteve de cortar à faca, mas isso só tornou a aventura mais aliciante. E o resultado ficou, claramente, à altura das expetativas.

A função iniciou-se por uma alheira e uns queijos. Depois, partimos para a prova de algumas especialidades, sempre no registo carnívoro. Fomos por uns milhos à lavrador, em pote negro de ferro. Avançou-se depois para umas costeletas de borrego. Acabou-se com uma marrã à tasquinha. Ao lado, arroz de forno e batatas de duas espécies (no forno para as costeletas, cozidas para a marrã). Eu não resisti a uma aletria, num grau de consistência perfeito. Umas tangerinas da região absolveram os exageros. Um Murganheira Távora Varosa tinto 2011 acompanhou (lembro-me que o 2010 esteve melhor).

Prometo voltar à "Tasquinha do Matias". A Dona Filomena falou-me da posta de vitela na telha, do arroz de carqueja às 4as feiras, da cabidela de galinha à 5ª, do cozido à 6ª.

Porque é que tudo isto fica tão longe de Lisboa?

ps - a Dona Filomena é do Benfica, mas este ano isso não interessa...

22.12.13

Tralha

Por vezes, quando digo que sou de Vila Real, as pessoas falam-me imediatamente do "Espadeiro".

Durante muitos anos, Vila Real foi um deserto gastronómico. Para além de umas pensões tradicionais e algumas boas tascas, a escassa restauração nunca passava da mediania - e já estou a ser benevolente. Em inícios de 1969, ao lado do "quartel velho" e do Jardim da Carreira, sobre o stand automóvel do senhor Rosas, surgiu o "Espadeiro", sob a mão de Manuel Pipa e dos seus familiares, oriundos da boa "escola" das pensões. Com inteligência, fixou-se numa lista sólida de pratos regionais, a que acresceu o toque cosmopolita do "joelho da porca", trazido do germânico "eisbein". O boca-a-boca dos "connaisseurs" e as penas mediáticas atentas deram a conhecer ao país o "oásis" vilarealense que era o "Espadeiro", casa que estava para Vila Real como "O Cortiço" estava para Viseu, como o "Praça Velha" estava para Castelo Branco, como o "Tarro" estava para Portalegre e outros exemplos similares de província. A casa manteve-se nas mãos da família Pipa por algumas décadas. Mais tarde, caiu em posse galega (não da boa cozinha galega, mas de uns amadores de culinária de que até eu fui incauta vítima) e ainda de um emigrante nos EUA (que, contaram-me, hasteava o "stars and stripes" sobre aquele que, até ao final dos anos 50, foi o lugar da meta do "circuito automóvel"). Depois, um dia, o "Espadeiro" desapareceu.

Ontem, sob um novo conceito, renomado como "Tralha" (eu tinha um outro nome para a casa, mas cheguei tarde...), o espaço do velho "Espadeiro" renasceu, com um toque arquitetónico contemporâneo. A partir de agora, pelas duas amplas salas haverá "tapas" e bom vinho, espera-se que uma música à altura e, desejavelmente, um ambiente acolhedor, descontraído qb, suscetível de proporcionar um espaço de convívio intergeracional. Desejo todo o sucesso  à iniciativa e, quem passar por Vila Real, pode colocar no seu GPS: avenida Almeida Lucena (sem número).

Deixo uma foto que tirei, à saída da inauguração, com um toque de luz que fez com que a imagem do "Tralha" me saísse "à la Hopper" à moda da Bila.    

13.9.13

Lisboa - mais dez notas telegráficas

No início de julho, publiquei por aqui um "apanhado" sobre algumas mesas da restauração lisboeta por onde passara desde o meu regresso.

Deixo agora algumas notas telegráficas sobre mais alguns restaurantes, visitados mais recentemente.

O GAMBRINUS, na rua das Portas de Santo Antão, 23, continua excelente. É talvez dos escassos locais onde o "imobilismo" na criatividade gastronómica parece ser uma qualidade a destacar. O serviço é admirável, a qualidade é de rigor. É um restaurante caro, mas tem uma relação qualidade-preço pouco comum.

Passei pela GÔNDOLA, na avenida de Berna, 64, perto da praça de Espanha. O pátio é soberbo (pena o verão estar a acabar), mas devo confessar que a oferta culinária deixa a desejar. E o serviço, sendo razoável, deixou de ter aquela graça "démodée" (similar à que "A Quinta", no alto do elevador de Santa Justa, teve em tempos) que os clientes apreciavam.

Fui, pela primeira vez, ao ZAMBEZE, com uma esplanada soberba, na encosta do Castelo, saindo do largo do Caldas, na calçada Marquês de Tancos. O jantar teve duas condicionantes. A primeira foi ser vizinho de mesa de José Quitério, o que inibe qualquer fabiano a ter veleidades críticas. A segunda é que era uma jantarada grande, com dezenas de pessoas, o que não facilitaria nunca a avaliação. Mas saí satisfeito. E a vista, num edificio que tem um cómodo parque de estacionamento por baixo, vale bem a pena! 

Jantei bem, um tanto surpreendentemente, no LA FINESTRA, na enésima reencarnação de um velho espaço na avenida Conde de Valbom, 52 A, que conheci em eras passadas. A surpresa deveu-se a um certo ambiente "solto" do espaço, com grandes famílias e crianças, o que raramente prenuncia grandes ágapes. Verdade seja que fomos para as pizza, o que sempre facilita. Mas eram excelentes, com uma massa muito bem cozinhada. Voltarei.

Saí um tanto triste de OS ARCOS (rua Costa Pinto, 43), um clássico de Paço d'Arcos, que conheço desde os anos 60. Numa noite de sábado, o lugar estava quase deserto, o que faz imensa pena. A comida não desmereceu, mas tive a sensação de que havia um escasso cuidado na apresentação de alguns pratos - ou será que estou mais exigente do que era no passado? O serviço tinha aquela atenção que marca alguma restauração lisboeta (Gambrinus, Coelho da Rocha e poucos mais) tradicional.

Regressei também à VERSAILLES, na avenida da República, 15A. É um espaço muito bonito (o da "Colombo", em frente, há anos desaparecido, também o era). Ao almoço (ao lanche já nem tanto), o serviço é mais atento, talvez porque há ainda por lá caras do pessoal nossas conhecidas. A comida não deslumbrou, mas também não desiludiu. Continuo a pensar que a lista é longa de mais. Mas é sempre um bom ponto de encontro, para uma conversa (na parte alta da sala, claro).

A TASCA DA ARMADA, no largo da Armada, 36, está igual à imagem que dela já tinha. O proprietário desde 2011, um transmontano que dirige também o simpático "Toma Lá Dá Cá", na Bica, consegue, com um preço muito razoável, proporcionar uma comida honesta, sem elevadas pretensões, mas de boa qualidade. Comer na esplanada foi um privilégio deste verão. É um lugar a visitar de novo. Lembro-me, com saudade, de ter por lá ido, a primeira vez, com Miguel Portas.

Grande jantar tive no ASSINATURA, esse local escondido, na rua do Vale do Pereiro, 19, entre as ruas Alexandre Herculano e do Salitre. É um restaurante caro, um espaço elegante, mas um dos bons locais para um jantar sereno em Lisboa. Sob a mão experiente do chefe João Sá, com um serviço altamente profissional e atento, o Assinatura é um dos locais que vale realmente a pena visitar.

No largo das Flores, numa casa de esquina que já teve vários nomes (lembro o "Copo de Três"), fica agora o NOVA MESA, a rivalizar com o vizinho "Pão de Canela", que tenciono visitar um dia destes. Numa noite com muitos turistas estrangeiros, a experiência, não sendo deslumbrante, acabou por ser melhor do que inicialmente temia. A relação qualidade-preço foi muito razoável e a esplanada acabou por ser um lugar simpático para uma quente noite lisboeta.

Finalmente, uma nota para uma casa deliberadamente simples, muito próxima da "Varina da Madragoa", mas também na rua das Madres, num espaço que já se chamou a "Mercearia" (que, para um jantar, "fechei" um dia numa despedida). Agora tem por nome OSTERIA e apresenta-se como um lugar marcadamente italiano, como as imagens nas paredes atestam. A oferta é escassa mas simpática, sem um grande requinte gastronómico, com doses curtas, do tamanho do preço. Um local jovem, "solto" e ao gosto de uma Lisboa nova que por aí anda. E ainda bem, porque estes são os preços "à altura" da crise.

12.9.13

Mitos sobre vinhos

01 - O vinho, quanto mais velho melhor!

Uma das frases feitas preferidas de portugueses e não portugueses. Quase todos estão convencidos da razoabilidade da afirmação! Infelizmente, são poucos os vinhos que sabem envelhecer bem e ainda mais raros os que conseguem envelhecer com saúde. A quase totalidade dos vinhos mundiais, espumantes, brancos, rosés e tintos, é feita para ser consumida num curto prazo de tempo. A maioria dos rosados tem um período de vida útil de um ano, os brancos de dois anos, enquanto que nos tintos esse prazo se alarga para um máximo de quatro ou cinco anos. Por outro lado, sabendo que as condições de guarda dos vinhos são raramente razoáveis, não espere demasiado tempo para abrir as suas garrafas. Os poucos vinhos pensados para durar anos, décadas, são vinhos excepcionais... e geralmente muito caros. Mas, claro, nada se compara ao prazer de poder desfrutar de um vinho velho em plena saúde. Se tiver disponibilidade de capital e de espaço de guarda, atreva-se neste desiderato.

02 - Um vinho "Reserva" será sempre melhor do que um vinho "normal". As palavras "Reserva", "Colheita Seleccionada" ou "Garrafeira" são uma garantia de qualidade!

Infelizmente, a realidade não confirma esta presunção. Na verdade, este tipo de adjectivação não tem qualquer relacionamento directo com a qualidade de um vinho. Os designativos "Reserva" e "Garrafeira" são normativos legais que em cada região determinam o período mínimo de estágio em barricas e, posteriormente, em garrafa. Não caracterizam mais nada e não existe qualquer correlação com a qualidade real. Indicações como "Colheita dos Sócios", "Colheita Seleccionada", "Selecção Especial", "Reserva Pessoal", ou outras referências, são opções de "marketing" sem qualquer conexão com a qualidade do vinho. Muitos vinhos triviais e de fraca qualidade ostentam estas palavras nos rótulos, da mesma forma que alguns dos melhores vinhos nacionais não lhe fazem referência. Por si só, estas palavras nada lhe dizem sobre o vinho.

03 - Um vinho "DOC" será sempre melhor do que um vinho "Regional".
 
Mais uma vez, a realidade encarrega-se de não confirmar esta suposição. Para que um vinho tenha o direito de ostentar o nome de uma denominação de origem controlada terá de obedecer a regras claras, nomeadamente quanto ao uso das castas autorizadas e recomendadas para essa mesma DOC. Se, por exemplo, um produtor recorrer a castas não contempladas para essa mesma região, mesmo que melhores, ficará impedido de usar o nome da DOC. Algumas denominações de origem mais jovens, com menos historial, por vezes criadas apressadamente, nem sempre fizeram apostas racionais na escolha das castas recomendadas. Como tal, muitos produtores sentem-se constrangidos a recorrer a castas não recomendadas, castas que consideram ser mais adequadas às suas necessidades. É isso que explica por que alguns dos melhores vinhos portugueses são vinhos regionais. Este fenómeno é igualmente válido para outros países europeus, sobretudo Itália.

04 - O vinho de mesa não presta.

Por regra, o vinho de mesa é efectivamente de fraca qualidade e não merece demasiadas considerações. Existem, no entanto, raras excepções, e por vezes o vinho de mesa é a única solução para alguns produtores. Por exemplo, a legislação portuguesa não permite a mistura de vinhos provenientes de duas regiões diferentes. Imagine que existia (e existe) um vinho que emparceirava uvas do Dão e do Douro. Isto seria ilegal face à lei actual, excepto se vendido debaixo do chapéu-de-chuva de vinho de mesa. É esse o caso de um ou outro vinho português de topo. Ou imagine que um vinho não seria capaz de atingir a graduação mínima para poder ser considerado DOC ou Regional. Os vinhos de mesa seriam seguramente um refúgio comum entre os produtores portugueses, não fora a grave limitação de os vinhos de mesa não poderem estampar o nome de castas, e sobretudo, a data de colheita no rótulo.

05 - Os vinhos mais caros são sempre melhores.

Seguramente que não e os exemplos a provar o contrário abundam. Num mercado livre, o preço dos vinhos é determinado não só pelos custos de produção mas também pela sua escassez, pelo factor moda, pelo eventual empolamento feito pela comunicação social, por boas campanhas de promoção, etc. No entanto é verdade que os melhores vinhos são usualmente mais dispendiosos na elaboração. Melhores barricas, menores produções, mais mimos, melhores rolhas e melhores equipamentos implicam custos acrescidos. Mas mesmo estes custos acrescidos não garantem, de forma alguma, que o produto final seja melhor ou sequer bom...

06 - O vinho branco não consegue envelhecer e tem de ser bebido o mais depressa possível.

Embora a afirmação não seja universal, existem razões mais do que suficientes para o depoimento. São poucos os vinhos feitos para envelhecer e ainda menos os vinhos brancos que têm capacidade para envelhecer. Por outro lado, existem exemplos vivos de vinhos brancos que envelhecem de forma admirável. Os vinhos da casta Alvarinho, de Monção e Melgaço, e os vinhos da casta Encruzado, no Dão, são os melhores exemplos portugueses. Fora de Portugal, a capacidade de guarda dos Riesling alemães é afamada, podendo viver em perfeita saúde por mais de 40 ou 50 anos.

07 - O vinho rosé é uma mistura de vinho branco com vinho tinto.

Não, não é, mesmo se a convicção se encontra firmemente enraizada no nosso imaginário. O vinho rosado é feito a partir de uvas tintas. A polpa da quase totalidade das uvas tintas é incolor, incapaz de acrescentar pigmentação ao mosto. São as peles, ou melhor, os corantes existentes nas películas das uvas tintas que acrescentam coloração ao vinho tinto. Quanto maior for o contacto com as peles, quanto maior for a extracção, mais intensa será a cor resultante. Os vinhos rosados passam pouco tempo de maceração em contacto com as películas e, como tal, não têm tempo suficiente para extrair muita matéria corante. O vinho resultante frui assim de uma cor mais aberta e rosada.

08 - O vinho branco tem de ser produzido com uvas brancas.

 Na verdade... não! O vinho branco pode ser elaborado a partir de uvas tintas. Como acabámos de ver, a polpa das uvas tintas não tem matéria corante e, portanto, o sumo resultante é incolor. Se as uvas forem prensadas em bica aberta, ou seja, sem contacto com as peles, o vinho resultante é branco, esbranquiçado ou muito levemente salmonado. Como tal, é possível, e por vezes comum, que os vinhos brancos sejam elaborados recorrendo a uvas tintas. O caso mais paradigmático ocorre em Champagne, onde as castas Pinot Noir e Pinot Meunier, ambas tintas, são por regra vinificadas em branco. Quando assim é, o champanhe é categorizado como "blanc de noirs". Em abono da verdade, convém referir que se exceptuarmos o caso particular dos vinhos espumantes, raramente vemos esta técnica aplicada.

09 - O Vinho Verde é feito com uvas vindimadas ainda verdes, em oposição ao vinho maduro, que é elaborado com uvas completamente maduras.

A imagem é comum, mesmo entre alguns apreciadores informados, mas não tem qualquer fundamento. Vinho Verde é o nome de uma região portuguesa, tal como as regiões do Douro, Ribatejo ou Bairrada. A região ganhou o nome de Vinho Verde por ser a região mais verde e húmida de Portugal, o Minho. Pela mesma razão, a região de turismo chama-se Costa Verde. Como seria de esperar, os vinhos provenientes da região do Vinho Verde são elaborados com uvas maduras, tal como nas restantes regiões portuguesas.

10 - Os verdadeiros grandes vinhos não sabem bem enquanto são jovens e só melhoram com a idade.

Não acredites nisso! Os bons vinhos são sublimes desde a nascença e não é por um milagre tardio que se transfiguram de bestas em bestiais. Claro que os vinhos que envelhecem bem poderão ser duros e severos enquanto jovens, mas a qualidade tem de se mostrar desde o primeiro instante. A história do patinho feio não tem cabimento no mundo do vinho. Um mau vinho nunca se transformará num bom vinho!

(da revista "Wine")

9.7.13

Pelas mesas de Lisboa

Em fevereiro, ao reatar este blogue, dedicado a notas sobre restaurantes, tinha a intenção de assegurar, com regularidade, a publicação de umas pequenas notas sobre cada um dos locais visitados. Mas estas boas intenções desapareceram com o tempo, ou melhor. Optei por fazer um percurso muito ligeiro, propositadamente desorganizado, pelos restaurantes de Lisboa pelos quais me lembro de ter passado ao longo destes cinco meses, como notas marginais sobre outras mesas que tenho intenção de vir a visitar

Por onde começar? Campo de Ourique parece-me um bom ponto de partida.

Por mais de uma vez, estive na TASCA DA ESQUINA (rua Domingos Sequeira, 41C), uma boa "invenção" de Vitor Sobral, um local que, não sendo barato, é agradável para conversas e tem uma razoável relação qualidade/preço. 

Já não diria tanto da CERVEJARIA DA ESQUINA (rua Correia Teles, 56), ligada ao mesmo "chef", que me pareceu acentuar demasiadamente nos cifrões, embora o seu menu seja indiscutivelmente bom.

Ali bem perto, experimentei o SOLAR DOS DUQUES (rua Almeida e Sousa,58b), um lugar de que me tinham falado e onde tive uma experiência agradável, pelo que merecerá novas visitas. Não é barato, em especial se nos deixarmos seduzir pelas entradas.

Uma renovada e marcante experiência, porque se trata de um dos melhores alentejanos de Lisboa, foi uma ida ao MAGANO (rua Tomás da Anunciação, 52), que continua magnífico. Mas nada barato, diga-se.

Um regresso ao STOP DO BAIRRO (rua Tenente Ferreira Durão, 55A) deixou-me os habituais "mixed feelings" que mantenho sobre este restaurante. Os preços é que são mais do que convidativos (Fechou entretanto neste local, abrindo em Campolide, sem grande novidade, salvo o espaço. Out/2017)

Com regularidade, vou comer (eu e, como tenho notado, bem mais de metade da direção do PSD) ao COMILÃO (rua Tomás da Anunciação, 5a), do meu amigo Cardoso, cuja parede apresenta uma hagiografia "laranja" sem paralelo.

Pela zona, ainda não fui, desta vez, ao clássico e sempre seguro "Coelho da Rocha" (rua Coelho da Rocha, 104), do mesmo modo que me falta passar uma vez mais pelo sempre estimável "Cataplana & Companhia" (rua Ferreira Borges, 193), por muitos ainda conhecido pelo "antigo Tico Tico", onde sempre comi bem.

Ainda no bairro, saudades ficaram-me, para sempre, dos, entretanto desaparecidos, "Tasquinha da Adelaide" e "Charcutaria".

Descendo à Estrela, do outro lado do jardim encontra-se o OUTRO TEMPO BAR (rua João Anastácio Rosa, 2), um local agradável, sem grandes pretensões, onde se pode fazer uma refeição simpática, com um serviço muito profissional. Passo por lá à noite, para uma ceia tardia.

Com alguma regularidade, desço também ao n. 212 da rua de Bento, para repetir, sempre sem o menor risco de desilusão, o "rollsbeef" de Lisboa, no magnífico CAFÉ DE S. BENTO (aproveito para lembrar, numa nota garantidamente proveitosa, que idêntico bife pode ser degustado na "filial" do CAFÉ DE S. BENTO no Casino do Estoril, onde os "habitués" irão encontrar caras conhecidas de excelentes profissionais da casa).

Subindo à Madragoa, passei algumas vezes pela VARINA DA MADRAGOA (rua das Madres, 34) agora já sem o Oliveira mas com a atenção amiga do Veiga, um local simples, com a "qualidade" extra de estar aberto ao domingo.

Qualidade, aliás, que um pouco mais adiante, é partilhada pelo sempre agradável GUARDA MOR, no n. 8 da rua do mesmo nome, dirigido pela Sofia, neste que é um dos meus pousos preferidos para fechar a semana.

Muito perto, embora num registo de preço bastante mais elevado, continua excelente a A TRAVESSA (travessa do Convento das Bernardas), sob a batuta experiente da Vivianne, que, com a Sofia, antes tinha feito a "dupla" que, por muitos e bons anos, manteve uma antiga "Travessa", ali ao pé da Assembleia. Já agora, lembro-me que, lá pela zona do parlamento, ando há muito para voltar ao "XL" (calçada da Estrela, 57), também um bom "domingueiro".

Estou curioso de revisitar o "Alma" de Henrique Sá Pessoa, no 92 da calçada Marquês de Abrantes, um restaurante com cozinha contemporânea de muita qualidade.

Com um serviço de notável constância e um espaço exterior praticamente imbatível em toda a Lisboa, aconselho sempre o restaurante CONFRARIA da YORK HOUSE, no 32 da rua das Janelas Verdes. 

Muito perto, no Hotel da Lapa, está uma das boas mesas de Lisboa, o LAPA (rua do Pau de Bandeira, 4), o qual, não sendo barato é garantido em qualidade. 

Um pouco adiante, na rua do Conde, dois registos, de nível bem diferente: no n.61, o muito simples CONDE, com um acolhimento familiar e uma comida despretenciosa mas muito "honesta".

No n. 5, o LUMAR, também recomendável, só uns furos ligeiramente acima no preço, a rimar com um melhor espaço.

Saudades ficaram, na mesma rua, dos bons tempos do "Sua Excelência" e do "Nariz de Vinho Tinto". Ambos o vento levou.

Na área, também não passei ainda pelo "Clube de Jornalistas" (rua das Trinas, 129), mas já jantei no SENHOR VINHO (rua do Meio à Lapa, 18), uma boa casa de fado, com um serviço de restauração à altura do que podemos esperar em locais idênticos.

Já que falo de fado, uma noite calhou ir ao CLUBE DO FADO (rua S. João da Praça,86), em Alfama, um local da nova geração, com muito boa oferta musical e o nível restaurativo expectável.

Passando agora para Alcântara, noto que continua a comer-se muito bem no PAINEL DE ALCÂNTARA (rua do Arco, 7/13), onde o meu amigo Cardoso (irmão do proprietário do "Comilão") mantém uma aposta de qualidade, de que sou testemunha desde a primeira hora, há quase 30 anos.

Ambos colaboram agora numa nova e meritória aventura, o vizinho PAINEL GRILL (rua Gilberto Rola,20), que só visitei uma vez, mas com bastante bom proveito.

Quase em frente, no 21 da mesma rua, falta-me rever o velho "Alazão" e, um pouco acima, no largo da Armada n. 31, o “31 da Armada", que o MNE conhece pelas “espanholas” e, ao lado, no nº 36, a “Tasca da Armada”, que me dizem manter a qualidade.

a caminho da Ajuda, mas não muito longe, confirmei por duas vezes a qualidade sempre sustentada do SOLAR DOS NUNES (rua dos Lusíadas, 68).

Na zona mais ocidental da cidade, mas junto ao rio, do outro lado da via férrea, duas confirmações, uma nota e uma descoberta.

O CAFÉ IN (avenida de Brasília, 311) continua com muito boa qualidade, embora os preços comecem a parecer apenas compatíveis com as bolsas da clientela angolana e brasileira que, felizmente, por lá se vê em quantidade. A cafeteria, ao lado, tem um serviço errático e uma comida assim-assim, mas, no exterior, é um espaço bem simpático para os dias ensoleirados.

O VELA LATINA, na doca do Bom Sucesso, perto da Torre de Belém, mantém a qualidade de sempre, com um ambiente discreto, profissional e propício para uma conversa calma (o self-service anexo é ... um self-service).

Um pouco mais adiante, o DARWIN'S CAFÉ, na Fundação Champalimaud, continua a impressionar mais pela beleza do espaço do que pela qualidade da comida, que me parece necessitar de um rápido "upgrading".

A descoberta feita por essa área - e que descoberta! - foi a FEITORIA, o magnífico restaurante do Altis Belém Hotel. Cozinha de elevada qualidade, num espaço muito agradável, com um serviço bem à altura. Um restaurante que dignifica Lisboa.

E já que estamos por aquelas bandas, uma nota sempre positiva para o RELENTO (avenida dos Combatentes da Grande Guerra, 10), a excelente cervejaria de Algés, onde há décadas me não desiludo.

Voltando ao centro da cidade, dou-me conta que ainda não passei pelo sempre excelente "Gambrinus" (rua das Portas de Santo Antão, 23), nem pelo vizinho "Solar dos Presuntos" no 150 da mesma rua), ambos mesas garantidas. No 185 da avenida da Liberdade, faz-me falta rever, ambos situados no Hotel Tivoli, a "Brasserie Flo" e o magnífico "Terraço".

Dando agora um salto ao Chiado, e para nos mantermos no registo da grande cozinha, é justo referir o grande salto de qualidade que José Avillez fez dar ao velho BELCANTO (largo de São Carlos, 10), um espaço com grande história (e onde houve grandes "histórias"...). Tive por lá, há poucos dias, uma refeição soberba!

Do mesmo chefe, muito agradável, mas num registo menos exigente, encontra-se, quase em frente, o CANTINHO DO AVILLEZ (rua dos Duques de Bragança, 7), um lugar por ora talvez demasiado na moda para o meu gosto como frequentador, mas com uma excelente relação qualidade-preço.

Um destes dias, tenciono ir conhecer a "Pizzaria do Avillez", logo ao lado. Na zona do Chiado, tenho ainda visitas a fazer, mais cedo ou mais tarde, ao "Tavares" (rua da Misericórdia, 37), ao endereço novo do "100 Maneiras" (largo da Trindade, 9) e ao "Largo" (rua Serpa Pinto, 10) (Neste último, na minha (e não só minha) opinião, baseado em duas ou três visitas pode estar a desperdiçar-se um pouco a genialidade de Miguel Castro Silva, que do seu trabalho no Porto (e no "Bull & Bear" do seu tempo) deixou grandes saudades.

E, nestes meses, não fui ainda comer ao Bairro Alto! Estou com curiosidade em saber que será feito do "Papaçorda" (rua da Atalaia, 57) e do vizinho "Casanostra" (travessa do Poço da Cidade, 60), como andarão os filetes do "Primavera" (travessa da Espera, 34), qual será a lista atual do "Antigo Primeiro de Maio" (rua da Atalaia, 8), muitos anos depois do meu amigo Santos ter decidido passar à reforma. E os clássicos “Farta Brutos” (travessa da Espera, 20), “Bota Alta” (travessa da Queimada, 35), o "Fidalgo" (rua da Barroca, 27) e o renascido "Alfaia" (travessa da Queimada, 18), de onde há muito vi desaparecer os lombinhos à indiana, servidos pela Isabelinha? Que outras coisas novas haverá por lá? E como andará o bife da “Trindade” (rua nova da Trindade, 20)?

Mais acima, na rua da Escola Politécnica, tenho por hábito juntar-me a uma discreta tertúlia semanal no ROTA DAS SEDAS (rua da Escola Politécnica, 231), um espaço agradável e com um desenho de arquitetura interior pouco habitual. Perto, no 33 da Alexandre Herculano, verifiquei que o 33 se mantém com um ambiente simpático e a oferta gastronómica tradicional.

Na zona, espero poder, em breve, regressar ao "Assinatura" um restaurante, numa rua discreta (rua Vale do Pereiro,19), o qual, a meu ver, não tem merecido um destaque à altura da qualidade da sua oferta.

Muito próximo, importará também verificar como evoluiu essa boa aposta que foi "Pedro e o Lobo" (rua do Salitre, 169).

Um pouco mais acima, no n. 16 da rua da Artilharia 1, tenho confirmado a constância do MEZZALUNA, uma das minhas mesas de estimação.

Por ali perto, no Pátio Bagatella, não se sai desiludido do SABOR & ARTE (rua Artilharia 1, 51).

Lá no topo, no alto do Parque Eduardo VII, há muito que não passo pelo "Eleven", um restaurante de luxo cuja relação qualidade-preço não me convenceu nunca por completo.

Muito próximo, jantei há dias muito bem no SARAIVA'S (rua engº Canto Resende, 3), um restaurante cujo “estilo” sempre liguei muito ao do antigo "Belcanto"…

Andemos umas centenas de metros. Junto à Gulbenkian, confirmei, por mais de uma vez, a melhoria no DE CASTRO ELIAS (avenida Elias Garcia 180B), onde a mão de Miguel Castro Silva deixou uma marca muito positiva.

Senti o vizinho O POLÍCIA (rua Marquês Sá da Bandeira, 112A) algo triste, mas ainda muito recomendável naquela que é uma das listas mais tradicionais de Lisboa.

Já ao lado, o clássico (nasceu em 1946!) CORTADOR OH! LACERDA (avenida de Berna, 36), pareceu-me ter parado no tempo.

Ainda na mesma zona, tenciono, quanto puder, aproveitar a esplanada na "Gôndola" (av. de Berna, 64) e confirmar se  "Adega da Tia Matide" (rua da Beneficência 77), se mantém em forma, expressão pedida de empréstimo à imensidão de futebolistas que a frequentam.

Do mesmo modo, pergunto-me como andará esse restaurante familiar que é a "Colina" (rua Filipe Folque, 46), talvez uma das mais clássicas mesas das Avenidas Novas.

Já no Campo Pequeno, no SPACIO BUONDI - NOBRE (avenida Sacadura Cabral, 53B), Justa e José Nobre oferecem uma cozinha de excelente nível, num restaurante que não é tão conhecido quanto o deveria ser.

Seguindo para as bandas de Entrecampos, no n. 30A da rua com esse nome, confirmei que O POLEIRO mantém, nestes tempos que não são fáceis para o setor da restauração, uma muito boa e constante qualidade, o que me leva, sempre que posso, a aí visitar os meus amigos Aurélio e Manuel Martins.

Um pouco mais adiante, quase no alto da Avenida da Igreja, situa-se um dos melhores restaurantes de Lisboa, o SALSA & COENTROS (rua Coronel Marques Leitão, 12), onde o Duarte e a sua equipa servem uma cozinha alentejana com bons apontamentos transmontanos, dando justo destaque àquela que é hoje uma das grandes mesas de Lisboa.

Muito perto, num registo de cervejaria típica de Lisboa, jantei há dias bastante bem no TICO-TICO (avenida do Rio de Janeiro, 19).

Para os lados da avenida de Roma, tenciono em breve dar uma saltada ao "Isaura" (avenida de Paris, 4), um clássico familiar perto da avenida Almirante Reis, avenida ao fundo da qual, no seu nº1, nunca é demais lembrar que se situa uma das melhores cervejarias de Lisboa, o "Ramiro".

Para terminar, alguns registos soltos, ainda por Lisboa.

No alto da calçada do Galvão, na Ajuda, o ESTUFA REAL, um dos mais belos espaços lisboetas para um dia de sol, sem ter baixado a qualidade, pareceu-me estar a sentir os efeitos da crise.

Por ali perto, tenho alguma curiosidade em saber se "A Paz" (largo da Paz, 22) se mantém à altura da boa imagem que criou.

Do outro lado da cidade, junto à estrada da Luz, o GALITO (rua da Fonte, 18B) continua a afirmar-se, sempre sob a batuta do meu amigo Henrique e a sabedoria herdada da dona Gertrudes, como uma das melhores mesas alentejanas de Lisboa (e como andará, ali perto, em Carnide, o sempre recomendável "Miudinho"?).

Regressando perto do rio, gostei de jantar uma noite no FAZ FIGURA (rua do Paraíso, 15B), a dois passos da "feira da ladra", depois do seu renascimento pela mão de Jorge Dias (e a "Bica do Sapato", ali quase ao lado, como estará?).

Junto ao Campo de Santana, fui experimentar, sem deslumbre mas também sem desgosto, o CAFÉ DO PAÇO (Paço da Raínha, 62), uma espécie de "remake" do velho Pedro V (ele próprio um sucedâneo mais afinado do antigo "João Sebastião Bar").

Não muito longe, voltei com grande satisfação ao discreto e excelente HORTA DOS BRUNOS (rua Ilha do Pico, 27), um segredo bem guardado perto da Estefânea.

Logo adiante, tenho curiosidade de ver se a cervejaria "Portugália" (avenida Almirante Reis, 117) se mantém igual e, no género, como andará o bife do café "Império", no 205 da mesma avenida.

Uma nota na rua de Campolide 258, para a TASQUINHA DO LAGARTO, onde mesmo os benfiquistas e portistas, com esforço, podem vir a ter uma mesa e apreciar boas doses de excelente comida portuguesa.

Para terminar, num improvável espaço dentro do centro comercial das Amoreiras, encontrei um lugar bem estimável, sob o estranho nome de CANTINHO REGIONAL SERRA DA ESTRELA, com uma lista simpática, preços razoáveis e serviço muito atento.

Apenas quatro notas nos arredores de Lisboa.

Uma palavra bem positiva para a ADEGA DO COELHO, em Almoçageme, um pouso simpático para grupos de amigos.

E duas notas costeiras.

Continua a comer-se muito bem em Carcavelos, na PASTORINHA.

E, a caminho do Guincho, o MONTE MAR permanece com grande qualidade, embora, naturalmente, tenha saudades do excecional "Porto de Santa Maria". 

Do outro lado da cidade, em Moscavide, jantei muito bem no DELICIA DE MOSCAVIDE (rua Bento de Jesus Caraça, 21), um local popular, barulhento mas com bela comida.

26.4.13

A Casa da Emília

Se assumirmos que Alpiarça tem como eixo uma longa rua, deverá dizer-se, para orientação geográfica, que "A Casa da Emília" fica ao fundo de uma das diversas perpendiculares dessa mesma estrada, no caminho para norte. Há anos que vinha a ouvir falar deste novo pouso ribatejano, mas não tinha tido oportunidade de por lá passar. Aconteceu agora.

Trata-se de uma casa térrea tradicional, com uma decoração agradável, a sugerir a de uma residência particular. O acolhimento feito pelo proprietário, Mário João Freilão, nomeadamente na descrição dos pratos, como que lembra aquele que, no passado, nos era proporcionado por Francisco Queiroz, no saudoso "Sua Excelência", em Lisboa.

A lista não era grande, o que dizem ser hábito (positivo, a meu ver) da casa. Experimentou-se uma sopa de arroz com feijoca e carapaus fritos, uns pasteis de massa tenra e uma galinha corada com arroz de forno. Como outras alternativas, havia, entre outras coisas, filetes de cherne panados, um borrego guizado à moda de Alpiarça e um lombinho assado no forno. No final, provaram-se doces locais. Os vinhos propostos eram apenas da região, com uma valia apenas média, em especial na relação qualidade/preço. E, neste domínio, diga-se que o preço final da refeição foi razoável.

A refeição não deslumbrou. A falta de movimento, que a crise potencia, traz consequências naturais nos produtos disponíveis e, com toda a certeza, limita outros rasgos gastronómicos. Um dia regressarei por lá, com vista a testar se esta impressão - que estando longe de ser negativa, também não foi muito entusiasmante - pode vir a ser alterada para melhor. Mas é uma casa que merece, pelo esforço que faz, ser visitada.

A Casa da Emília
Rua Manuel Nunes Ferreira, 101
Alpiarça
Tel. 243 556 316
Fecha: 2ª feira

25.4.13

Tribeca

Começo pelo fim: foi uma refeição soberba, num espaço muito agradável, com um serviço de primeira qualidade e um preço que se situou dentro das expetativas.

Tinham-me falado do "Tribeca"* há já alguns meses, sempre de forma elogiosa. Fica perto de Peniche, em Serra d'el Rei. A imagem exterior não está à altura dos espaços internos, decorados com imenso bom gosto, criando um ar de "brasserie", mais americana que francesa. A forma cosmopolita e muito profissional como a lista de pratos é apresentada, com um menu em inglês no verso, denota a presença regular de uma clientela estrangeira que, na noite em que por lá estive, era largamente maioritária.

Uma sopa de peixe de entrada estava magnífica e os peixinhos da horta (com "dip" de cebola e mostarda) eram de "se chorar por mais". Do mesmo modo, os lombos de linguado com açorda de ovas estavam muito bons, mas devo dizer que fiquei rendido aos camarões de Moçambique panados com um (imbatível!) risotto de lingueirão.

Nas entradas, voltarei logo que possa para ver a sopa de navalheira em crosta folhada. Os peixes (é a zona deles) têm um lugar de realce na lista, com o robalo a sugerir várias opções. Nas carnes, entre outubro e abril, há uma empada de faisão e perdiz, a que fiquei tentado. Nas sobremesas, onde é apresentada uma lista conservadora (leite creme, papos d'anjo, cheesecake, mousse de chocolate), experimentei uma tarte tatin de maça, que estava excelente. Uma última palavra para a carta de vinhos, muito bem construída, cobrindo todas as regiões vinícolas e com muito boas escolhas. Ah! e um conjunto muito aceitável de meias garrafas.

Sintetizando: uma das melhores experiências gastronómicas dos últimos tempos. Como se diz no Michelin, "vaut le détour".

Tribeca
Serra d'el Rei
Avenida da Serrana, 5
Tlf. 262 909 461

* Já agora, por curiosidade, diga-se que Tribeca é uma zona muito na moda no sul de Manhattan, Nova Iorque, designação que advem de "triangle below Cannal" street. E, já que andamos na área, esclareça-se que Soho significa "south of Houston" street. Lembrem-se disso quando passarem no "falso" Soho, em Londres. 

Trás d'Orelha


Para quem segue na A8, em direção ao norte, sai-se no caminho para Torres Vedras sul. Procura-se Catefica, que "fica" logo ali, a dois passos da estrada. O restaurante situa-se num espaço que parece ter sido uma adega, agora ligada a uma moradia, mas, do exterior, pode demorar um pouco a descobrir, até porque me pareceu não ter letreiro exterior.

O espaço interior é sem pretensões, num jeito muito próprio da área da Lisboa saloia, embora com alguns toques decorativos modernos. O serviço é simples mas muito atencioso. Da lista, que era equilibrada e com alguma originalidade, destacava-se o cabrito no forno à Trás d'Orelha, a cabidela de pica no chão e os lombinhos do alguidar de porco preto. Mas havia também alguns pratos de peixe, com a garoupa em evidência. A lista de vinhos não era grande, mas tinha escolhas regionais razoáveis. O preço final foi muito aceitável.

Foi uma experiência positiva, sem deslumbrar. Mas é um local onde não excluo voltar no futuro.

Trás d'Orelha
Rua da Paz, 9
Catefica
Torres Vedras
Tel. 261 326 018
www.trasdorelha.com

3.3.13

O Lameirão

Desengane-se quem vá à espera de encontrar "haute cuisine" no "Lameirão". Trata-se de um espaço moderno, simples, que nasceu como uma casa de petiscos e que, nos últimos anos, evoluiu para um restaurante despretencioso, mas com uma qualidade que dele me leva a ser regular cliente.

Não há lista: pergunta-se o que há. E há, quase sempre, de dois a quatro pratos, que se repetem segundo os dias da semana. As escolhas fazem parte da cozinha transmontana clássica: vitela estufada (segunda) ou assada (sábado e domingo), feijoada (sábado, domingo e segunda), tripas à moda de Vila Real (terça, sexta, sábado e domingo), rancho (sexta), cabrito (ao domingo), bacalhau de cebolada (segunda), etc.. Ontem, sem estar na lista, comi uns excelentes filetes de polvo, com arroz do dito. Vale a pena reservar. Se se chegar tarde, alguns pratos já se foram.

Para meu gosto, a escolha vinícola é um pouco escassa, mas o Eleutério e a Alice, que há anos conduzem, de modo familiar, esta casa vilarealense, já devem ter percebido que esse espetro de oferta é adequado à sua clientela habitual. Nas entradas, há propostas diárias variadas: rissóis, pasteis de bacalhau, bola de carne, etc. As sobremesas são escassas mas simpáticas. A relação qualidade-preço é excelente.

"O Lameirão" é o restaurante de Vila Real mais próximo da IP4. Saindo desta via na direção da estrada antiga para Chaves, fica logo em seguida, imediatamente após uma rotunda. Com alguma arte e engenho, consegue-se sempre lugar para estacionamento. Aconselho vivamente uma visita.   

"O Lameirão"
Timpeira - Borralha
Vila Real
Tlf. 259 346 881

2.3.13

Sabores de Itália

Há dias felizes. Ontem, numa saída tardia de Lisboa, em direção ao Norte, deu-me para abandonar da serenidade saariana da A8 e sair em direção às Caldas da Raínha. Tinham-me falado que o "Sabores de Itália" tinha mudado de instalações, mas que mantinha a sua tradicional qualidade. 

É uma casa já com história, criada em 1995. Havia lá ido uma primeira ver com o meu amigo Jorge Galamba, já há muito tempo, tendo-me ficado uma boa impressão. Regressei três vezes, mas, da última, bati com o nariz na porta. A casa estava fechada. Pensei que era a crise. Afinal, o restaurante apenas mudara de endereço, a partir de 2010.

Não foi fácil lá chegar, porque as obras na cidade são mais do que muitas - não fosse este um ano de eleições autárquicas. O novo "Sabores de Itália" fica situado numa praça na zona antiga da cidade (pergunte pela "praça do peixe"), que apresenta a virtualidade de ter um excelente parque subterrâneo de estacionamento, cujo elevador dá acesso quase direto ao restaurante.

Contrastando com o tom clássico do passado, a atual casa tem uma decoração de estilo contemporâneo, com zona isolada para fumadores. O serviço é muito atento e com um sentido profissional extremamente apurado, como se constatou em certos pormenores. Talvez porque era noite de 6ª feira e havia uma muito razoável ocupação, o ritmo de atendimento foi lento.

Mas valeu, francamente, a pena. Tudo o que se experimentou estava perfeito. Na tradição da anterior casa, a lista é muito cuidada, com bastantes ofertas de inspiração italiana, somadas a pratos bem portugueses. A carta de vinhos é equilibrada. 

Não costumo aqui falar de pratos específicos, mas um carpaccio de salmão com trufas, a abrir, ficou-me na memória gustativa. Foi uma refeição soberba, a um preço muito aceitável, o que naturalmente foi ajudado pelo facto de apenas se ter bebido meia-garrafa (condução oblige) de um magnífico "Vallado" tinto.

Conclusão simples: vale bem a pena ir às Caldas da Raínha, só para aproveitar o renascimento do "Sabores de Itália", um "senhor" restaurante. Para mim, nos dias que correm, uma das melhores mesas portuguesas fora de Lisboa e Porto (e algum Algarve, como me dizem).

"Sabores de Itália"
Praça 5 de outubro (antiga "praça do peixe"), 40
Caldas da Raínha
Tlf. 262 845 600

27.2.13

De Castro Elias

Miguel Castro e Silva é, de há muito e sem favor, um dos melhores chefes portugueses. O seu antigo "Bull & Bear", na avenida da Boavista, no Porto, foi para mim, durante anos, o melhor restaurante português.

Há já uns tempos, Castro e Silva mudou-se para Lisboa. Responsável pela cozinha de "Largo", um agradável restaurante no Chiado, perto do teatro nacional de S. Carlos, passou também a dar a sua orientação ao "De Castro Elias", um pequeno espaço (40 lugares) perto da Gulbenkian, onde é apresentado um conceito um pouco menos ambicioso mas, nem por isso, com qualidade inferior.

Já por lá tinha ido algumas vezes ao almoço - altura em que é muito difícil arranjar lugar - e ontem fui lá jantar. Tudo o que se comeu no grupo em que estava incluído estava excelente, desde os petiscos às entradas, passando pelos pratos principais, escolhidos numa lista muito imaginativa, onde as referências alentejanas parecem predominar. A lista de vinhos, não sendo longa, é adequada e oferece um leque razoável, com cobertura de várias regiões vitivinícolas.

Desta vez, continuando sem ser especialmente notável, o serviço esteve à altura e teve um sentido profissional que, em visitas passadas, haviam fragilizado a minha opinião sobre a casa (como um dia referi pessoalmente a Miguel Castro e Silva). Fiquei com vontade de regressar*, em breve, ao "De Castro Elias".

"De Castro Elias"
Avenida Elias Garcia 180-B
Lisboa
Tel. 217 979 214

* Já lá voltei e comi ainda melhor que da vez anterior. E o serviço esteve impecável.

24.2.13

Memória - Tasquinha da Adelaide

Passei pela porta, há dias. As janelas estão cobertas, ninguém se lembrou sequer de recolher o toldo. Acabou a Tasquinha da Adelaide.

Era ali, naquela rua de Campo de Ourique, por detrás do Canas, frente ao pouco conhecido cemitério alemão de Lisboa. Se bem faço as contas, terá aberto em 1994. Fui lá uma primeira vez com o José Guilherme Stichini Vilela e o Hermano Reis - dois amigos que já se foram. Durante alguns anos, a Tasquinha foi um dos meus poisos regulares. 

A casa era dirigida pela Adelaide, uma simpática transmontana que havia viajado muito pelos States e Brasis e que, na segunda metade dos anos 90, soube trazer para Lisboa uma cozinha simples, assente em pratos tradicionais e alguns petiscos que, por algum tempo, se converteram em verdadeiras legendas na restauração lisboeta. Em 4 metros quadrados de cozinha a Adelaide fazia milagres. Eram os tempos em que por lá parava também o Pedro, namorado da Adelaide, um arquiteto que tinha graça e dava elegância ao serviço e que, mais tarde, se esfumou na vida da Adelaide. A Tasquinha estava então bem "trendy" e por lá passava obrigatoriamente meia Lisboa - política, artística ou outra.

A Tasquinha chegou mesmo a criar algum nome internacional. Vinha na maioria dos guias e recordo-me de ter enviado à Adelaide um recorte elogioso do "The New York Times". Fiz-lhe merecida propaganda pelo Brasil, onde o nome desta casa qie só disounha de 29 lugares sentados (testei os limites de espaço, numa noite em que "fechei" o restaurante numa despedida) já se tinha tornado popular e passara a fazer parte de roteiros de certos iniciados. Fernando Henrique Cardoso e vedetas das novelas eram "habitués" da Tasquinha, nas suas visitas a Portugal.

Com os anos, as minhas passagens pela Tasquinha da Adelaide começaram a ser mais esparsas. Outros restaurantes iam abrindo pela cidade e mobilizavam a minha atenção. Algumas notícias que recebia de visitantes mais atentos do restaurante não eram as melhores. A relação qualidade/preço fora-se degradando, com a rotação do pessoal a não ajudar muito o nível do serviço. Os vinhos subiram a preços astronómicos, sendo que aqueles que tinham um custo mais razoável eram de nível muito baixo. Algumas refeições revelaram uma quebra na qualidade dos produtos utilizados e um certo descuido na confeção e apresentação dos pratos. Em idas a Lisboa, chegámos a passar pela Tasquinha apenas para dar um abraço à Adelaide, sem por lá pararmos para comer. Bem mais recentemente, diziam-me que a Tasquinha perdera mesmo toda a sua graça.

Por onde andará a nossa amiga Adelaide? Seja onde estiver, envio-lhe um abraço de amizade e votos muito sinceros da maior sorte na vida.

19.2.13

Rota das Sedas

É um espaço inusitado, a que se acede por uma escada íngreme, numa zona recuada da rua da Escola Politécnica, muito próximo do largo do Rato, num edifício com uma história centenária. Nesse primeiro andar, as salas apresentam ambientes diferentes, sendo que a graça maior vai para o espaço posterior, com um terraço e um jardim que devem ser excelentes com sol na Primavera.

A lista é curiosa, bastante imaginativa e até surpreendente, não tendo encontrado, ao almoço, o consagrado "menu gasparito", de que me tinham falado e com um preço muito apelativo.

A experiência tida a um almoço, com um grupo de "habitués", foi francamente positiva. A oferta esteve à altura do que se esperava, bem como do preço pago. O serviço é agradável e solto. O ambiente global era agradável. Dizem-me que, ao jantar, se torna mais jovem e "lively".

Regressarei para verificar se esta primeira boa impressão se mantém.

Rota das Sedas
Rua da Escola Politécnica
Lisboa 1250-101
Tlf. 213874472

18.2.13

Faz Figura

Há restaurantes de que, muitas vezes, nos não lembramos automaticamente quando estamos à procura de um lugar para uma refeição, talvez porque fiquem fora dos roteiros centrais de Lisboa. Com culposa frequência, acontece-me isso com o "Faz Figura", local do qual , porém, sempre me lembro de ter saído satisfeito.

Ontem, com amigos estrangeiros e portugueses, fui jantar ao "Faz Figura", um local já com muitas décadas de existência (fui por lá a primeira vez nos anos 70) mas que, há algum tempo, foi muito bem renovado sob a batuta do meu amigo Jorge Dias, que tomou conta da casa.

O "Faz Figura" situa-se na colina por cima de Santa Apolónia, do "Lux" e da "Bica do Sapato". Dispõe de muito bons espaços, dos quais sempre preferi a magnífica varanda sobre o Tejo, que é deliciosa sob o sol na Primavera e nas noites de Verão. Porém, os seus espaços interiores são igualmente muito confortáveis.

Ainda não estou muito habituado a trocar as tradicionais listas escritas pelo uso de iPad's, para a seleção do prato, mas essaa sofisticação tecnológica (que tenho visto noutros restaurantes, às vezes para os vinhos) acaba por ter alguma graça.

No que verdadeiramente importa, registo que a oferta gastronómica era muito equilibrada e tudo o que se provou estava excelente, no quadro de uma culinária algo inventiva, mas que tem como eixo a cozinha tradicional portuguesa e os seus produtos. O serviço foi discreto e eficaz.

O "Faz Figura" é um excelente restaurante. Os seus preços são elevados, mas a relação qualidade/preço é pefeitamente aceitável.

Faz Figura
Rua do Paraíso, 15B, 1100-395 Lisboa
Tlf: 212 478 252

14.2.13

Stop do bairro

Ando há dias a pensar escrever aqui sobre o "Stop do bairro". Mas tenho hesitado. Porquê? Porque tendo eu decidido só dizer bem dos restaurantes de que aqui falo, tenho de me convencer que o saldo do restaurante é positivo. E é?

O meu amigo João Paulo Guerra continua a ser, de há muito, o grande "apaniguado" do "Stop do bairro", um restaurante em Campo de Ourique que visito, de tempos a tempos, em jantares informais. Mas de onde saio, quase sempre, com "mixed feelings". Porquê?

O "Stop" é um espaço pequeno, as mesas são encavalitadas umas nas outras, a privacidade só existe para mudos ou surdos. O serviço é errático, embora muito simpático. O dono, o sr. João, que tem a caraterística agradável de ser do Belenenses, na linha da visível mobilização futebolística da casa, encosta-se no balcão com cara patibular e escrutina a sala com olhar falsamente distante.

E a comida, estará o leitor a perguntar, cansado deste preâmbulo ambiental? Para quem goste de coisas simples, de apresentação comum, sem grandes sofisticações, o "Stop" é adequado. Há na lista os pratos tradicionais da cozinha portuguesa, com peixes e carnes em diversas apresentações e doces muito agradáveis. E bons vinhos, de escolha criteriosa. Mas, talvez por azar meu, a verdade é que nunca saí deslumbrado do "Stop", onde voltei na passada semana. O preço é perfeitamente adequado a uma casa do género.

Como sou teimoso, vou continuar, de vez em quando, a passar pelo "Stop", tentando um dia vir a confirmar que o João Paulo Guerra tem razão para o seu persistente fascínio pelo local.
 

Stop do Bairro
Rua Tenente Ferreira Durão, 55A
Telf: 213888856

Galito

Tenho, de há muito, o "Galito" como um dos melhores restaurantes alentejanos de Lisboa. No passado, a "Charcutaria" do Alecrim e o "Barrote Atiçado" da Pontinha eram, cada um ao seu estilo, casas muito interessantes dessa grande culinária regional portuguesa. Hoje em dia, o "Magano" ou o "Salsa e Coentros" dão-nos também uma bela mostra dessa cozinha. E não são os únicos. 

O "Galito" viveu durante muito tempo da genialidade da dona Gertrudes, acompanhada pelo filho Henrique. A senhora já por lá não anda mas o Henrique, agora já com um dos seus filhos na cozinha, continua a oferecer-nos, sem quebras de qualidade, um produto gastronómico excelente. Todos os clássicos alentejanos, das açordas e migas aos produtos à base da carne de porco, com petiscos como entrada que só o Alentejo pode apresentar, bem como as sobremesas tradicionais, estão presentes no agradável espaço do "Galito", ali perto do largo da Luz, na fronteira com Carnide.

O "Galito" não é um restaurante barato. Os bons vinhos alentejanos que por lá se servem (tem também uma boa escolha de Douros) não ajudam a baixar a fatura. Mas, tirando isso, é sempre uma ótima experiência. 

Galito
Rua da Fonte 18 - D, 1600-458 Lisboa



Tel: 217111088

13.2.13

Serra da Estrela

Devo dizer que, por uma questão de higiene visual e não só, apenas em desespero de causa acabo por comer nos centros comerciais. Mas, às vezes, por causa do desespero, isso ocorre. 

Hoje almocei, um tanto à pressa, nas Amoreiras (um "shopping", que sendo já vetusto, mantém uma imagem agradável e não decadente). Olhando para a díspare oferta, decidi-me por um local misteriosamente designado por "Serra da Estrela", subtitulado "cantinho regional", onde, há pouco mais de um mês, tinha caído, quase por acaso, pela primeira vez e fora bem servido. Hoje voltei a sê-lo.

A lista é agradável, com uma mão-cheia de pratos do dia, os quais, nas duas ocasiões, se mostraram à altura das expetativas, sob um preço razoável. O serviço é atento, profissional, há umas entradas simpáticas para quem quiser (mas que não são impingidas à força, como se vê muito por aí) e o ritmo da refeição processa-se com a necessária rapidez, própria de um local que manifestamente não é feito para se gozar como ambiente de amesendação.

Ao lado do "Serra da Estrela" há uma pequena loja com produtos da dita e não só, nomeadamente queijos que vou experimentar, que me disseram serem da Póvoa das Quartas (que falta me faz a Pousada de Santa Bárbara, que por lá existia!), e diversa charcutaria (até alheiras de Mirandela!) e doces. 

Repito: num local "sinistro" como é quase sempre o espaço de alimentação de um centro comercial, o "Serra da Estrela" é um oásis de qualidade. Onde, em futuro estado de necessidade consumista, irei voltar.

"Serra da Estrela"
Amoreiras Shopping
Tel: 213 831 631
 

10.2.13

Café de S. Bento


Agora já abre à hora de almoço, mas eu, tenho de confessar, associo o Café de S. Bento à noite, a um jantar para o tarde, a uma ceia, no máximo a uma conversa à volta de dois copos, ao fim do dia. Recordo-me de lá ir há imensos anos, de sempre ter podido contar com um serviço extremamente delicado e competente, com simpáticos profissionais vestidos a rigor, sem falhas.

Depois, claro, com os bifes magníficos e imbatíveis em Lisboa – “à portuguesa” ou “à Marrare”; como alguém disse: o "rolls-beef" português – servidos com uma batata frita deliciosa (em duas versões, à escolha), acompanhados de vinho (lista pequena, mas de qualidade, com boas meias garrafas, o que começa a ser raro) ou uma cerveja “bem tirada”. Cuidado com o pão torrado e a manteiga de entrada, que são uma tentação. E há empadas, atenção! E queijo da serra, de grande qualidade.

Os frequentadores são de variadas e múltiplas “raças”. Durante a semana, passam por lá, quase sempre, espécimens da nossa operosa deputação parlamentar, a prolongar a noitinha, quase sempre em registo de grave intriga, depois da exaustante tarefa diurna, exercida a bem da pátria e de todos nós. Aos domingos (porque está aberto aos domingos!) é a vez dos executivos/advogados da Lapa/Estrela assentarem nos sofás as bombazines e as Burberry’s, com madames esfomeadas à ilharga, a agitar os doirados cabelos, sempre de olho na entrada dos amigos “de toda a vida”, no tardio regresso do fim de semana nos montes alentejanos, às vezes com filharada adolescente já a aculturar-se ao espaço e aos bifes. E todos os outros, os namorados em busca das mesas de “tête-à-tête”, os solitários maduros que lêem o jornal disponível (com vareta, à antiga!) e cocam com displicente ansiedade a porta, em busca de companhia conhecida, para pôr termo à solidão frente ao copo, o pessoal da Fundação vizinha, os jornalistas já cansados dos colegas do Snob, etc. Tudo num ambiente sereno (salvo algumas “tias” e deputados mais histriónicos, a jogar para a plateia), muito agradável, de “boa onda”. E sem pressas, sem ninguém nos “enxotar” das mesas, mesmo que nos alimentemos por horas a cafés (desde sempre acompanhados de “After Eight”, como o horário recomendado recomenda).

Sujeito há tempos a uma profunda renovação que dele nos privou por alguns meses, o “Café de S. Bento” fez um “lifting”, ficando com uma decoração que lhe preservou o essencial da imagem, mas com mais bom gosto e modernidade, além de mais espaço. E continua a acolher fumadores (mas com excelente extração de fumos) e ganhou uma sala de jantar de grupos no andar superior, onde se não pode fumar. E agora até nos oferece parking, a 200 metros, coisa que, nos tempos que correm e na área onde se situa, não deixa de ser uma apreciável vantagem comparativa.

Restaurantes em Lisboa há muitos, alguns de grande qualidade e, quase todos, com uma lista muitíssimo mais variada. Mas a noite de Lisboa não seria o que é se deixasse um dia de contar com a excelente âncora de qualidade que é o “Café de S. Bento”. Um restaurante caro mas bom.

Café de S. Bento
Rua de S. Bento, 212
Lisboa
Tel. 213 952 011

9.2.13

Adega Coelho

Se chegar de carro, durante os fins de semana, prepare-se para não ter grande tolerância no estacionamento, por parte de uma vizinhança que, infelizmente, não parece sensível às qualidades gastronómicas da "Adega Coelho", em Almoçageme. Ou, então, faça como eu: vá de "Smart"...

Conheço a "Adega Coelho" há muitos anos, um lugar onde sempre fui com amigos, para almoçaradas descontraídas, por vezes em grandes grupos. A especialidade da casa sempre foram os grelhados, cozinhados num forno à vista das mesas num pátio exterior, onde, a partir da Primavera e em dias de sol, as pessoas se distribuem. 

A lista é relativamente curta, tendo variado muito pouco ao longo dos tempos. Hoje, refugiámo-nos, com sucesso, no bacalhau assado, regado a um bom tinto da casa, com um pão magnífico. A conta foi bastante razoável.

Um aviso: não chegue com pressa, quer para obter mesa, quer para ser servido, nos dias de grande enchente. E vale a pena telefonar antes.

Adega Coelho
Almoçageme, Colares
Tlf.  219 290 293

8.2.13

A Confraria - York House

"A Confraria", o restaurante da York House, nas Janelas Verdes, continua a ser um excelente local de amesendação, como hoje o confirmei. A lista é sobriamente curta, como eu gosto, com pratos bem portugueses - a alheira de caça de Boticas (!) era magnífica e a amiga que me acompanhava disse que o prato de carne de porco que  pediu estava excelente. A lista de vinhos é altamente criativa e muito bem apresentada. O serviço é sóbrio e de grande elegância profissional.

Quando o "sol de Inverno" mudar de estação, o delicioso pátio da York House será dificilmente batível nesta bela cidade de Lisboa. E por lá irei aligeirar a minha carteira com imenso gosto.


A Confraria - York House
Rua Janelas Verdes 32
Lisboa
Tlf. 213 962 435