5.10.20

Depois do confinamento: 5 mesas em Sintra



Incomum
Rua Dr. Alfredo da Costa, 22, Sintra
Tlf. 219 243 719

Foi um belo jantar, neste surpreendente Incomum. Um restaurante onde se nota bem a mão de um “chefe”, Luís Santos. Uma lista variada, pratos muito bem apresentados, carta de vinhos competente, serviço diligente, numa relação qualidade/preço muito boa. Vou regressar, logo que puder.



Sisudo
Largo Miguel Bombarda, 14, Almoçagem
Tlf. 219 291 507

A opção pelos petiscos, em detrimento dos pratos do dia, fez com que só tivéssemos experimentado uma das vertentes deste simpático restaurante de Almoçageme, uma casa muito antiga, reconvertida de forma muito agradável. Foi uma belíssima refeição, com permanente atenção às mesas, embora num dia com muita procura. Conto voltar em breve, para a “segunda parte”. E não excluo ficar na “guest house”!


Adraga
Praia da Adraga
Tlf. 219 280 028

Já não regressava há muitos anos a este clássico na praia da Adraga. É uma casa simples, mas sempre com belos produtos do mar. Gostei da resposta de um empregado a alguém que inquiriu sobre carnes que estavam na lista: “Aqui, não sei recomendar carnes!”. De facto, com todo aquele peixe e marisco! 



Ribeirinha de Colares
Avenida dos Bombeiros Voluntários, 71, Várzea de Colares
Tlf. 219 282 177

Não fiquei na “mesa do embaixador”, assim assinalada como homenagem póstuma ao meu colega António Franco, “habitué” da casa. De outros tempos, tinha a ideia de ser um restaurante apenas “assim-assim”. Tudo mudou! Fui surpreendido com uma magnífica refeição, na variedade dos pratos que se pediram. Um valor seguro na zona.




Petiscaria Casa
Rua Dom António Correia de Sá, 2, Várzea de Sintra
Tlf. 219 243 499

Fui parar, por mero acaso, a este restaurante, sem prévia reserva (o que, em mim, é uma raridade). Fui surpreendido por uma cozinha inventiva, com um ambiente marcado por um acolhimento de quem sabe o que está a fazer na profissão, no cenário de uma decoração bizarra e divertida. É uma casa que merece ser mais conhecida.

24.9.20

Depois do confinamento: “A Cozinha do Manel”


Nunca ali comi mal. Pensar isto de um restaurante, que se visita com alguma frequência, é algo que nos faz ter vontade de lá regressar. Há anos que o José António nos oferece uma cozinha genuína, segura, competente e profundamente nortenha, com um serviço agradável. Porque, nos últimos anos, por razões profissionais, me hospedo no Porto num hotel logo ali ao lado, visitar a “Cozinha do Manel” tornou-se para mim num hábito, num bom vício. E há que notar que, num dos extremos daquela rua do Heroísmo, havia a tentação do polvo no “Aleixo”, agora definitivamente fechadoEm tempos de pandemia, existe a obrigação de apoiar, com a nossa visita, os bons restaurantes de que gostamos. Como é a Cozinha do Manel.

23.9.20

Depois do confinamento: “Gambrinus” ( Lisboa)


A primeira vez que entrei no Gambrinus, em tempo de pandemia, fez-me alguma impressão, confesso. Aquele é um espaço que, à partida, não rima com este tempo estranho. Mas, logo de seguida, ficou para mim muito claro que, por ali, nada de essencial tinha mudado. A elegância do serviço, a qualidade segura do que a lista nos oferece, o conselho avisado sobre o vinho, tudo isso estava ali por inteiro. Um bom restaurante sabe que tem de saber resistir a tempos exigentes. Por isso, as mesas estão mais distantes, há alguns acrílicos separadores discretos, o escrúpulo do rigor sanitário levou o Gambrinus a criar caixas de cartão, com o “logo” da casa, onde nos chegam os talheres. Nada falha, por ali. A atenção de Octávio Ferreira e a simpatia do restante pessoal conseguem manter o Gambrinus no seu nível de sempre. Esta é uma casa que nunca se perde.

22.9.20

Depois do confinamento: “Casa d’Armas (Viana do Castelo)


Quando vi nascer o “Casa de Armas”, ali perto do rio, numa casa senhorial de Viana do Castelo, que fazia parte do meu cenário de infância em férias, fiquei esperançado em que o restaurante pudesse contribuir para dar um abanão gastronómico a uma cidade que, no passado, nunca foi conhecida por ter grandes expoentes de restauração. Era um tempo em que, à parte a oferta tradicional e segura do “Laranjeira”, que sempre foi a minha “cantina” vianense de estimação, com o surgimento (que acabou por ser efémero) do “Cozinha das Malheiras” e a graça inicial do “Maria de Perre”, éramos muitas vezes tentados a dar uma saltada ao “Camelo”, a Leste, ou à “Mariana”, a Norte. Às vezes, nos primeiros tempos, a comida da “Casa d’Armas” pareceu-me demasiado pesada, outras vezes, a relação qualidade-preço causava-me algumas dúvidas. Tudo isso passou. Hoje, não tenho dúvidas nenhumas: frequento e recomendo a “Casa d’Armas”. É um expoente nas mesas da cidade. Está-se a comer ali muito bem, com o grande profissionalismo do serviço de sala que sempre foi apanágio da casa, o que proporciona refeições memoraveis.

21.9.20

Depois do confinamento: “Poleiro” (Lisboa)


Quando, em 1985, chegado de posto em Angola, fui viver para perto do Campo Pequeno, alguém me disse maravilhas de um restaurante que tinha acabado de abrir, na rua de Entrecampos - o Poleiro. Eram dois irmãos Martins: o Manuel, a chefiar a cozinha, e o Aurélio, a dirigir a sala, então minúscula (não chegava a 30 lugares; depois aumentou apenas um pouco mais). A oferta inicial era eclética: havia espetadas madeirenses e comida minhota, por exemplo. O Aurélio, nos vinhos, converteu-se num constante descobridor de coisas novas e excelentes.

Por muitos anos, o Poleiro foi um “caso” numa restauração lisboeta que estava então muito longe de ter o leque de diversidade que hoje tem. Havia filas à porta. Ao almoço, era o mundo da política, do jornalismo, das empresas. À noite, eram casais e pequenos grupos. As reservas eram feitas com grande antecedência. Havia dias “impossíveis”.

Vivendo a cinco minutos a pé, tornei-me, de um regular frequentador, num bom amigo da casa. E já lá vão 35 anos. Noites houve em que o Aurélio me dizia, pelo telefone: “Pode ir descendo, que a sua mesa está quase pronta”, depois da rodada anterior. E, lá chegado, sabia ter à minha espera os peixinhos da horta e um belo queijo amanteigado, que ainda hoje vejo figurar por detrás dos níveis de colesterol das minhas análises. Grandes noitadas, com a família e amigos, passei no Poleiro.

Quem me conhece sabe que fiz sempre, por todo o lado, imensa “propaganda” do Poleiro. Não por ter a sua gente por amiga, mas porque achava, e continuo a achar, que por ali se servia e serve uma das mais genuinas cozinhas de Lisboa. Sem quebras, sem cedências, sem recuos na qualidade dos produtos. 

Hoje, como é da lei da vida, os dias do “Poleiro” não são os mesmos desse tempo, somada agora a pandemia a tudo o resto. Há muitos concorrentes, diversas ofertas gastronómicas, modas a prevalecerem. Mas o Poleiro ali está, impecável no que nos propõe, como ainda há muito pouco tempo tive ocasião de comprovar, numa visita que fiz à minha “cozinha”, como o Pedro d’Anunciação escreveu, há quase 15 anos, num artigo numa revista que encontrei por lá encaixilhado e de que aqui deixo imagem para memória presente.

20.9.20

Depois do confinamento: “Solar dos Pintor” (Manjoeira)


Não, não há erro nenhum de concordância no nome deste restaurante: é assim mesmo. É na Manjoeira, passando A-das-Lebres, depois de Loures. Fui lá pela primeira vez na semana passada, voltei lá ontem. A Dona Áurea, que dirige a cozinha, prepara uns petiscos de grande categoria, mudando a ementa de dia para dia. A garrafeira é sensacional e a relação qualidade/preço é do melhor que tenho encontrado. Se prometerem deixar sempre uma mesa para mim, podem lá ir. À confiança! 

19.9.20

Depois do confinamento: “Galito” (Lisboa)


Há alguns restaurantes que servem boa comida alentejana em Lisboa. Mas só há uma única casa em Lisboa que, verdadeiramente, pode ser qualificada como sendo um restaurante 100% alentejano: o “Galito”. O Henrique, com mão de mestre e atenção pelos clientes, seguindo a tradição da sua mãe, a saudosa D. Gertrudes, continua a oferecer, ali para as bandas do Colombo e do Colégio Militar, uma cozinha genuína e de muita qualidade. Uma culinária que vem de longe, da Aldeia da Serra, na serra da Ossa, entre o Redondo e Extremoz, onde nasceu o primeiro “Galito”, perto do “Chana do Bernardino”, que por lá continua a operar. Depois, houve, na Pontinha, o “Barrote Atiçado”, que coincidiu, pelo menos, com a primeira das três encarnações deste “Galito” (onde sou cliente desde sempre), a última das quais, espaçosa e arejada, é a atual. O “Barrote” ainda sobreviveu num centro comercial (única das casas que não conheci), deixando depois o “Galito” sozinho no terreno. E que bem que continua a comer-se no “Galito”! 

18.9.20

“Mesa Marcada”


“Mesa Marcada” é, desde há vários anos, o mais importante site de informação e comentário sobre restaurantes em Portugal. 

Dirigido por Duarte Calvão e Miguel Pires, por ali tem sido acompanhada a fantástica evolução que, nos últimos anos, se processou na oferta restaurativa nacional, com particular destaque para a área da “alta gastronomia”, onde Portugal começou a “dar cartas”.

Neste que está a ser um tempo muito difícil para os restaurantes portugueses, parte dos quais fortemente afetada pelo recuo do mercado turístico, o “Mesa Marcada”, com um belo e novo “endereço”, a que pode chegar clicando aqui, ajuda a manter a atenção sobre este importante setor económico nacional, do qual dependem muitos milhares de empregos e a sobrevivência de imensas famílias.

Os restaurantes portugueses estão a fazer um esforço notável, sem recuo na qualidade e no serviço, e tentando seguir, como regra geral, estritas condições sanitárias, para conseguirem atravessar este tempo de crise. 

Continuar a frequentar os restaurantes é ajudar a manter vivo um setor que faz parte da nossa cultura nacional. É imperativo não deixar que a conjuntura da pandemia destrua o processo de afirmação da identidade da gastronomia que hoje se pratica em Portugal, como internacionalmente é crescentemente reconhecido.

Parabéns ao “Mesa Marcada” por ter tido o sentido de responsabilidade de saber renovar-se, precisamente neste tempo complexo e exigente.

14.8.20

Jantar

 

Tínha passado por lá, há dias, para reservar uma mesa para jantar. Havia uma boa recordação da última visita àquele restaurante. Imagino que apenas nesta época, a casa, pura e simplesmente, não atende o telefone. Leu bem: não aceita telefonemas. Uma imensa deselegância para com os clientes. À hora exata, nem mais um minuto, chegámos. “Vão ter de esperar”. Mau, mestre! As coisas começavam a descarrilar. Se fosse em Lisboa, ter-me-ia ido embora. Há muito que decidi já não tenho idade nem paciência para ficar à espera, à porta de um restaurante, depois de ter sido fixada uma determinada hora, com antecedência. Mas aqui, numa aldeia perto da praia, com tudo o resto, em quilómetros em volta, garantidamente cheio ou sem qualidade, assomou-me uma réstia de paciência comodista, adocicada por um gin tónico (onde terá surgido esta mania de o servir em incómodos copos, que parecem bolas de andebol!), para entreter o tempo. O atendimento, contudo, desde o primeiro momento, havia sido correto, nada arrogante, sem sombra de privilégios de acesso prioritário concedido a clientes conhecidos, como notícias publicadas haviam dado como sendo vício da casa. Pelo contrário: constatou-se um respeito absoluto pela ordem das reservas e até uma abertura imediata para aceitar uma pessoa a mais, face à marcação feita. Por fim, meia hora depois da hora marcada, lá chegou a nossa vez. Síntese: sala simples mas agradável, lista bem construída (e renovada, face ao que conhecia), carta de vinhos apenas razoável, serviço muito delicado e competente, uma comida excelente, preço final nada especulativo e aceitável para a zona e período do ano. A irritação inicial desvanesceu-se, por completo. Saímos muito satisfeitos. Para o ano, comigo furioso, uma vez mais, pela dificuldade no contacto, lá voltaremos. À Dona Bia, na Comporta.

11.6.20

Depois do confinamento: que vivam os restaurantes!

Pelas experiências que tenho tido, os restaurantes portugueses são hoje, a grande distância, dos lugares públicos mais seguros, em termos de saúde, que se podem frequentar.

Sem uma única exceção, estes dez restaurantes a que já fui mostraram um elevado sentido de responsabilidade, sabendo além disso manter, praticamente sem exceção, o seu nível de serviço e qualidade.

Aqui ficam registados os nomes dessa dezena de casas, pela ordem exata por que as visitei, cada uma com brevíssimas notas.

Acho que é justo que os clientes voltem a frequentar os nossos restaurantes, por forma a eles poderem garantir a sua continuidade.

Os restaurantes fazem parte do nosso património como sociedade.


Alfoz
Avenida dom Manuel I
Alcochete
Tel. 212 340 668

Foi a minha primeira experiência de visita a um restaurante, depois do confinamento. Devo dizer que estranhei um pouco a frieza sanitária do local, mas viviam-se ainda os primeiros dias da retoma de atividade. Não consegui sequer apreciar bem o que comi, que não guardei na memória. Mas o Alfoz foi sempre uma boa experiência e é um belo espaço. A regressar.



Clube Naval de Lisboa
Avenida de Brasília
Lisboa
Tel. 213 636 014

O primeiro andar arejado é, há muito, a minha zona preferida deste restaurante sobre o rio Tejo, com peixe magnífico. Num fim de tarde de verão, é um local soberbo e agradável para se estar.



Solar dos Duques

Rua Almeida e Sousa, 58
Lisboa
Tel. 213 872 674

A Petra continua com uma lista com a qualidade de sempre. O Solar, que é, de há muito, uma referência em Campo de Ourique, tem sabido manter uma qualidade sustentada. Sou um freguês regular. Desde que reabriu, já fui lá duas vezes. Tudo impecável.



Nobre
Avenida Sacadura Cabral, 53
Lisboa
Tel. 217 970 760

A Justa e o José Nobre conseguiram atravessar esta crise com o recurso ao “take away”, como tantas casas fizeram. Agora, com o seu excelente espaço aberto, só aguardam mais clientes. A lista mantém-se, felizmente, a mesma, sempre com as surpresas diárias. A qualidade também permanece. O Nobre tem-me como cliente certo.



Tribeca
Avenida Serrana, 5
Serra d’El Rei (próximo de Peniche)
Tel. 262 909 461

O casal Frazão Gomes mantém, desde há anos, esta excelente Brasserie, com uma lista inteligente e um serviço de uma extrema atenção. Curiosamente, tinha passado por lá nas vésperas da pandemia. Regressei uma semana depois da abertura. Tudo impecável, como sempre, “back to business”! Quem dera que o Tribeca estivesse mais à mão!



Imperial de Campo de Ourique

Rua Correia Teles, 67
Lisboa
Tel. 213 886 096

A minha “cantina” dos sábados, à espera do bacalhau à minhota que a dona Adelaide me prepara, já reabriu. O João Gomes e o filho Nuno asseguram a sala, simples no mobiliário e na decoração, mas com uma inexcedível simpatia. Que falta me fazia já a Imperial!



Pousada de Alcácer do Sal
Alcácer do Sal
Tel. 265 613 070

No passado fim de semana, jantei por lá duas vezes, logo após a reabertura. Sentia-se ainda a falta de ritmo do restaurante, mas a simpatia e a boa vontade estavam por toda a parte, a compensar as deficiências. Regras de higiene impecáveis! Uma das boas Pousadas portuguesas! Diz-lhes quem as conhece todas! 


Cais da Estação

Avenida General Humberto Delgado, 16
Sines
Tel. 269 636 271

Um belo espaço, com serviço atento. Embora com boa apresentação do prato, não terei tido sorte no que escolhi. Preços razoáveis, nomeadamente na carta de vinhos. Serviço atento. Um local a rever.



La Tagliatella

Parque das Nações
Lisboa
Tel. 218 952 018

Raramente escolho um restaurante ao acaso, numa rua por onde caminho, sem reserva prévia. Mas ali estava uma esplanada simpática, com mesas livres, numa bela manhã. E ficámos. Comemos umas massas italianas que, sem estarem deslumbrantes, eram harmónicas com o preço.



Clube dos Jornalistas
Rua das Trinas, 129
Lisboa

É na minha vizinhança e, no entanto, já por lá não ia há muito tempo. Comemos lindamente, naquele espaço um pouco atípico, uma casa com um jardim onde, há muitos anos, ia com alguma regularidade. Agora aberto todos os dias, vou voltar em breve a este excelente Clube dos Jornalistas. Ah! E está aberto todos os dias! 

10.1.20

"Evasões"


A revista "Evasões" publica hoje o seu nº 250.

Trata-se de uma revista semanal com uma excelente qualidade de escrita e imagem, distribuída gratuitamente com o "Jornal de Notícias", à sexta-feira, e vendida separadamente nos restantes dias, por um preço extremamente acessível.

Sou um fã da "Evasões", confesso. Em especial, por nela escrever Fernando Melo, um dos mais sabedores críticos gastronómicos da nossa praça, cujas recomendações, de restaurantes e vinhos, nunca frustraram as minhas expetativas. Mas a "Evasões" tem-me ajudado a descobrir muito mais, nas minhas peregrinações pelo país.

Por alguns anos, eu próprio escrevi na "Evasões" uma modesta crónica de "gastrófilo". Depois, um dia, pedi escusa à minha "chefe", Catarina Carvalho, responsável pela revista, e saí discretamente de cena. O tempo não me chegava para tudo. Hoje sou apenas um leitor da "Evasões". Mas atento!

Um abraço de parabéns à equipa da "Evasões"!