Há bem mais de uma década, tive um tempo de "clandestinidade" gastronómica. Eu explico. Era então embaixador em Paris e a revista "Sábado" tinha-me convidado para ser seu "crítico mistério", durante creio que meio ano. A combinação era eu enviar 20 e tal crónicas, uma em cada semana, sob pseudónimo, e, no fim, ser revelado o meu verdadeiro nome. O nome falso que escolhi foi "Augusto Maria de Saa" (assim mesmo, com dois "a"), lembrando uma figura fictícia que já tinha usado em outras ocasiões.
ponto come
Impressões sobre restaurantes
16.3.23
A posta da Quinta do Outeiro
Há bem mais de uma década, tive um tempo de "clandestinidade" gastronómica. Eu explico. Era então embaixador em Paris e a revista "Sábado" tinha-me convidado para ser seu "crítico mistério", durante creio que meio ano. A combinação era eu enviar 20 e tal crónicas, uma em cada semana, sob pseudónimo, e, no fim, ser revelado o meu verdadeiro nome. O nome falso que escolhi foi "Augusto Maria de Saa" (assim mesmo, com dois "a"), lembrando uma figura fictícia que já tinha usado em outras ocasiões.
4.3.23
1.3.23
Cozinha trasmontana em Lisboa
23.2.23
Trindade
A bem dizer, nunca me recordo de ter comido mais do que assim-assim na Trindade. O bife, porque vai-se à Trindade para comer o bife, esteve sempre longe de ser o melhor de Lisboa.
O bife da Trindade, mesmo o do lombo, antes naqueles pratos metálicos que fizeram escola, esteve, por muitos anos, muito longe do do Império (hoje, fica ela por ela, e isto não é um elogio), do velho Montecarlo ou do Toni dos Bifes, e, sempre, muito abaixo do "rollsbeef" do Café de S. Bento. O senhor Albino, no Snob, ainda hoje tem um bife melhor. O Outro Tempo Bar também. O do Gambrinus, claro, é muito superior - e já teve melhores dias. Simpático continua a ser o do Pabe, como o é o da Sala de Corte. Falam-me da excelência dos bifes do Elefante Branco, mas essa é carne onde, juro!, nunca meti o dente.
Pelo bife do lombo que hoje ali provei (tinha ido em dezembro e a impressão foi exatamente a mesma), a Trindade renovada (porque a casa levou uma forte e arejada reforma, como a imagem ilustra) está feita para uma clientela estrangeira, que deve gostar dos clássicos azulejos e das calçadas de Lisboa que ilustram as novas paredes. Para quem é, aquele bife basta. Ou o "brás de bacalhau" (quem inventou esta corruptela parola, insultuosa para o Bacalhau à Brás, devia ser pendurado eternamente numa espinha), também pedido, que estava desenxabido.
Repito: não tenho especiais saudades da antiga Trindade. Mas recordo ali os almoços políticos socialistas, antes das descidas do Chiado, a 48 horas das urnas. E, bem antes, os fins de tarde dos anos 70, saído da livraria Opinião ou do Centro Nacional de Cultura, quando hesitava entre ir à Casa Transmontana, nas escadinhas do Duque, ao Alfaia ou então à Trindade. Ali havia a certeza de encontrar, na sala de entrada, sempre com uma caneca gigante de cerveja ao lado, um tipo barbudo, com cara de poucos amigos, que fechava todos os dias nesse registo, depois de ter oficiado no alfarrabista, umas portas abaixo, quase em frente aos Anarquistas.
Fui à Trindade hoje, como se vê. E só lá voltarei, não obstante a simpatia solta do pessoal, com muito brasileiro (e gosto de ver brasileiros no nosso comércio), quando me esquecer do bife que hoje quase lá comi.
18.2.23
Tico Tico
Um prego na barra do Gambrinus rimaria bem, em regra, com uma saída da 6a de Mahler, na Gulbenkian. E uma ida ao Tico-Tico costuma ser um complemento adequado ao final de uma noite de futebol que nos correu bem. Mas eu sou do contra, já não vou muito em futebóis e hoje, no fim da música, deu-me para ir jantar à histórica marisqueira do alto da Avenida da Igreja. E não me arrependi. O ambiente continua igual ao que sempre foi: animado, solto, barulhento, sem cerimónias. O serviço é rápido, com empregados antigos, diligentes e corteses q.b.. A lista é, basicamente, a de sempre, com a lampreia na "saison". O preço é bastante em conta, em especial atenta a especulação que por aí grassa. A relação satisfação/preço foi boa. Já tinha saudades do Tico-Tico. Vou regressar em breve.
14.2.23
O romantismo já não é o que era!
Eu e um amigo decidimos levar as nossas mulheres a jantar fora, hoje, no dia dos namorados. Como tenho, em geral, esse pelouro, foi-me solicitado que escolhesse e reservasse o restaurante. E assim fiz! Porém, quando anunciei que iríamos jantar ao Orelhas, em Queijas, fiquei com a sensação de que a minha seleção pode ter pecado por algum défice de romantismo. Também acham? Paciência! De uma coisa tenho a certeza: vamos comer bem!
13.2.23
Quatro belas mesas alentejanas
Aqui ficam brevíssimas e impressionistas notas sobre quatro bons restaurantes visitados no passado fim de semana.
9.2.23
“Primeiro de Maio”
Esse era o tempo de um outro Bairro Alto, ainda sem “Frágil” nem “Pap’Açôrda”, onde não tinham despontado o “Casanostra” ou o “Bota Alta”, em que, para a noite, o “Alfaia” já estava na moda e à medida dos nossos bolsos, tal como, um pouco mais tarde, aconteceria com o “Baralto”, o “Fidalgo” e a “Tasca do Manel”. A “Baiuca” e o “El Ultimo Tango” ainda estavam para nascer. Do que por lá vai agora, nem sombras.
Mudei entretanto de ofício e de geografias de trabalho. A partir dos anos 80, quando vivia ou visitava Lisboa, era regular visitante do “Primeiro de Maio”. Aos sábados, era a minha cantina de almoço, sempre com a cinematográfica figura de António Lopes Ribeiro, já bem entrado na idade, a dominar uma das mesas. O “Primeiro de Maio” foi muito “trendy” por bastantes anos, com figuras e figurões bem conhecidos, da política à cultura, por ali amesados.
A cara tutelar do “Primeiro de Maio” era então o senhor Santos, com a sua mulher na cozinha. O seu sorriso acolhedor recebia-nos mal surgíamos no alto dos degraus de entrada. Nesse tempo em que reservar era a exceção, a regra, para nós, era aparecer uma mesa quase por milagre, com intimidade garantida com inesperadas vizinhanças, entre as quais cheguei mesmo a criar amizades. Belos tempos esses!
Entre as mesas do “Primeiro de Maio”, a certo momento, passou andar o Mário, sobrinho do senhor Santos, um miúdo que ajudava ao serviço. Desde que o tio se reformou, passou ele a ser a minha âncora numa casa onde, contudo, ultimamente não tenho ido muito. Fui hoje, com uma tertúlia aperiódica de cavalheiros que andam pela vida como os ingleses conduzem pelas estradas, um grupo que não tem pouso fixo, que erra (às vezes acerta) por vários endereços.
O Mário lá continua, à frente da casa, sempre simpático, herança boa do tio, que vive a merecida reforma na Beira. Os turistas que, aqui há uns anos, tornavam o espaço numa Babel às vezes excessiva, desapareceram, desde há uns tempos, para as centenas de outras paragens que vão abrindo e fechando por essa Lisboa. O que havia de gente a mais, num certo período, parece haver a menos, nos dias que correm. E é pena.
Um conselho para antropólogos amadores com bom gosto, curiosos de uma certa Lisboa do passado que ainda por aí subsiste: passem pelo “Primeiro de Maio”, almocem ou jantem num local que terá sempre uma linha bem estimável na história da restauração de Lisboa. Vão lá sem a menor nostalgia, apenas porque sim. Ah! Podem dizer que vão da minha parte (não tenho comissão, garanto!) e peçam sugestões ao Mário. E aproveitem para descobrir os belos vinhos que sempre houve por lá.
Onde é? É na rua da Atalaia, 8, com o telefone 213 426 840.
27.1.23
Sabiam?
23.1.23
“Restaurante da Adraga”
21.1.23
“Terroso”
Chama-se “Terroso”. É um pequeno restaurante (20 lugares) e “wine bar”, no dédalo de ruelas velhas de Cascais, não longe da Câmara e do Hotel Baía, só para orientar quem chega. Tinha ouvido falar da casa, mas nunca a visitara. Só de olhar para as garrafas que, em armários, envolvem a sala é-nos induzida uma sede sofisticada (ter um Crasto vinha Maria Teresa ali à mão, a mim, desestabiliza-me). A lista segue um registo clássico, mas é muito equilibrada nas suas escolhas e, o que é cada vez mais importante nos dias que correm, nos preços. Fora dela, havia uma feijoada à brasileira que estava de comer, como de facto comemos com grande gosto, e de chorar por mais. Optámos por não chorar e, alegremente, partimos para as sobremesas, uns doces a preceito. Na cozinha e no comando das operações, estava a proprietária, dona Vitalina Marques de seu nome, uma senhora simpática que, por muitos anos, oficiou naquele que foi (bem antes do tempo dela, mas já no meu) um dos primeiros restaurantes do momento “trendy” do Bairro Alto, nos anos 70 do século que se foi, o histórico ”Alfaia”. A fantástica escolha dos vinhos da casa é da responsabilidade do marido, Pedro, com uma qualidade atestada pelo prémio que foi atribuído à casa pela “Revista de Vinhos”. O Terroso fica na Rua do Poço Novo, 17, como referi, em Cascais. Telefonem (sempre, claro!) a reservar, pelo 214 862 137. Domingos e segundas-feiras, o Terroso encerra. Vão ver que não lamentarão seguir esta minha opinião, seguindo uma bela dica do Zé Paulo Fafe.
15.1.23
“Ponderosa”
17.12.22
Casa do Baixinho (Paredes)
Como se lá chega não sei explicar, mas qualquer GPS ajuda a percorrer, a partir da A4 ou do centro de Paredes, uns escassos quilómetros até chegar à Casa do Baixinho, no nº 447 da rua do Paço, numa zona rural.
9.12.22
Feito ao bife!
4.12.22
Évora à mesa
3.12.22
Taberna do Adro (Vila Fernando)
O saldo populacional, contudo, aumenta um pouco às horas de almoço e jantar, por via dos utentes da “Taberna do Adro” (que fecha às quartas, desde já aviso). Pela mão hábil da Dona Maria José Sousa uma cara hoje muito popular para quem gosta de aprender culinária pela televisão, com o marido no “backstage” e o filho e o neto a oficiarem às poucas mesas, ali se apresenta uma cozinha alentejana tradicional, sem arrebiques nem efes-e-erres, a preços pré-guerra, num ambiente agradável e acolhedor. Miguel Esteves Cardoso fez-lhe adequada menção no “Fugas” e a nossa Academia Portuguesa de Gastronomia consagrou, há pouco, a genuina divulgação mediática da cozinha alentejana que a Senhora faz (40 programas, gravados em Madrid, já há uns tempos, contou-me).
Há alguns anos, tinham sido os alertas gastronómicos dos meus amigos Fortunato da Câmara e Fernando Melo que, respetivamente no “Expresso” e no “Diário de Notícias”, me tinham obrigado a anotar este endereço, onde a vida, contudo, ainda me não tinha trazido.
A experiência desta refeição trouxe-me agora à memória, gustativa e não só, outros tempos da primeira morada do Chana do Bernardino, na Aldeia da Serra, da época originária do Chico, em São Manços, ou dos alvores do Manuel Azinheirinha, no Escoural. Da lista, que não é longa, o que se saúda, ficaram por experimentar o pastelão de espargos, que a casa recomenda, a tomatada de galinha, o cachaço de porco preto e os pezinhos, e algumas sobremesas. E nem digo o que se comeu.
Onde fica Vila Fernando? Não fica longe de Elvas, não fica longe de Estremoz e não fica longe da A6. Como diz o “Michelin”, para aquilo que se recomenda, “vaut le détour”. Fá-lo-ei mais vezes. Deixo a capa da lista, debruada a pano. Fechada, para abrir o apetite de quem lê.
2.12.22
“Andas no Larau?”
30.11.22
12
Não cabem mais de 12 de pessoas em cada uma das salas de qualquer destes dois restaurantes de Évora, que não podem ser mais diferentes um do outro.
29.11.22
“Colina”, Lisboa
Não me estou a referir às tascas, com toalhas de papel, travessas metálicas e uma barulheira imensa, que cumprem hoje esse papel, como alternativa popularucha, adequada ao poder da bolsa. Falo de restaurantes serenos, com guardanapos de pano, serviço personalizado à antiga (“O seu esparregado, dona Matilde”), algumas madeiras no cenário e total ausência de pressão para se abandonar a mesa (“Ó senhor Vítor! Por favor, traga-me outro café e uma bagaceira da casa”, dizíamos, quando o nosso fígado era outro).
No género, ali perto, por muitos anos, existiu o “Funil”, que agora se modernizou e perdeu o propósito. Também havia “O Polícia”, hoje uma sombra do que foi, e a “Adega da Tia Matilde”, que, pela minha última e infeliz experiência, há meses, devia ter ido com o cliente Eusébio para o Panteão. Da mesma natureza, na avenida de Paris, esteve, por muito tempo, o “Isaura”, para onde se entrava por uma escada em caracol, que nos levava a uma cave com estantes, onde existia uma bela “biblioteca” de vinhos. O “Pote”, na João XXI ainda hoje cumpre um pouco essa função. Num registo mais simples, e ainda nas Avenidas que um dia foram novas, tenho grandes memórias da “Imperial do Campo Pequeno”, de que fui vizinho e freguês assíduo.
Quase todos os bairros de Lisboa tiveram restaurantes do género. Aos fins de semana, era vulgar ver avós, pais e filhos, de famílias com algumas posses, em almoçaradas. Até na Baixa, o “Paris” cumpria essa função.
A “Colina” ali estava, igual à que sempre a conheci. Na clientela deste domingo descortinei vários nomes que estiveram na berra nos anos 90, a que a idade trouxe um corfortável anonimato, mas também ali cruzei um poderoso ministro deste governo (como este é um governo sem muitos ministros poderosos, é fácil lá chegar), à espera do seu “take away”.
Como é que se comeu? Bem, embora sem deslumbre. A oferta é a clássica para este tipo de casas, pratos sólidos, sem surpresas nem arrebiques. Com a casa cheia, o serviço teve o ritmo certo, tudo a sair a um custo razoável. Foi bom regressar à “Colina”!
(“Não fales muito na “Colina”, nas redes sociais!”, alertou-me uma amiga. “Se vai lá muita gente, ficamos sem mesas!”. Arrisco).
14.11.22
Terra (Foz, Porto)
13.11.22
Faz Figura (Lisboa)
Foi ao almoço de hoje, no “Faz Figura”, com o sol a mostrar-nos dali um Tejo soberbo. O cozido do domingo, que o Jorge Dias sempre me recorda numa semanal SMS, lá estava, magnífico, com este tipo de descrição, num dos vários “mostruários”, a ajudar-me a regular o grau de colesterol que pretendo ingerir. Há coisas muito boas nesta Lisboa!
9.11.22
Entre Amigos (Rio de Janeiro)
Quando, em 2018, no Rio de Janeiro, em 2018, desapareceu o afamado restaurante de origem portuguesa “Antiquarius”, a cidade perdeu um ícone social quase sem par. Criado por Carlos Perico, chegado ao Brasil na vaga pós-25 de Abril, o “Antiquarius” passou a ser um “must” carioca, com a Lisboa que detestava a Revolução - mas não só! - a fazer dali um pouso saudosista. Mas quem gostava de Abril também por lá passava, quando podia. Eu, por exemplo.
30.10.22
“A Mesa”, “The Emerald Hotel” (Lisboa)
23.10.22
Solar dos Duques (Lisboa)
21.10.22
Raposo (Lisboa)
Sei muito pouco do restaurante de que hoje falo. Não faço ideia de quando nasceu, não sou amigo dos donos, nem outras coisas que criam intimidade com o lugar e nos ajudam a escrever sobre ele.
19.10.22
Casas do Bragal (Coimbra)
Coimbra, para mim, foi sempre um mistério em matéria de restauração recomendável - e deixo estas linhas expostas às balas de reação dos conimbricenses fanáticos. Por anos, e porque a abundante Bairrada era já ali perto, passávamos adiante. Nos tempos em que a sina rodoviária nos encafuava obrigatoriamente na EN 1, às vezes com longas filas para atravessar a cidade, um tio ensinou-me o “Pinto d’Ouro”, um clássico desaparecido há muito (os últimos anos foram de trágico declínio), à entrada da ponte. Do outro lado do Mondego, havia um restaurante simpático, cujo nome me escapa, logo à saída da Portagem, nos primeiros metros a caminho da estrada da Beira. Se com pressa, ia-se a uma espécie de snack-bar, cujo nome também esqueci, em frente à Auto-Industrial. Com mais tempo, numa de típico, fazia-se uma surtida ao Zé Manel, mas eu nunca fui muito de ossos. E que mais? A sério, havia o restaurante das piscinas e ainda há, mais p’ró fino e carote, mas muito bom, o “Arcadas da Capela”, na Quinta das Lágrimas. E uma ou outra coisa, como o restaurante do museu Machado de Castro, uma boa experiência. Mas tenho de me informar melhor sobre a atual oferta restaurativa em Coimbra.
17.10.22
Paco (Lisboa)
Há quantos anos eu não ia ao “Paco”, em frente à Gulbenkian! Nesse tempo, nos anos 70 e 80, o “Paco” era a opção “do meio” entre a “Gôndola”, que já lá vai, e o “Ó Lacerda”, que estoicamente ali continua.
5.10.22
Cícero (Lisboa)
Cícero Dias foi um excelente pintor pernambucano, da época do modernismo. Alguém decidiu homenageá-lo em Lisboa, criando um restaurante-bistrot em Campo de Ourique, chamado “Cícero”. Fica na rua Saraiva de Carvalho, no local onde esta artéria cruza com a Tomás da Anunciação. Os proprietários, recheados de bom gosto estético, criaram, num espaço limitado, quatro áreas diferenciadas. A obra de Cícero Dias é evocada por lá.
27.8.22
Vela Latina (Lisboa)
21.8.22
“São Gião” (Moreira de Cónegos)
Posso imaginar que, para algumas pessoas, seja uma ousadia eu dizer, sem papas na língua, que este é o melhor restaurante de Portugal. Seja! Essa é a minha opinião e, para quem aqui me acompanha, isso não é nenhuma novidade. Passei por lá ontem. A carta tem coisas novas, desde as entradas (mas repeti os clássicos figos recheados com foie gras) até às sobremesas (nunca tinha provado tonka!), passando por alguns pratos (o bacalhau salteado com espinafres e gambas estava que nem lhes digo!). Imaginação, criatividade e um uso muito competente dos produtos da terra, com os cogumelos regularmente à mão daquela cozinha. Como a ocasião impunha comemorar (só se vive uma vez!), saiu um Crasto reserva, por forma a ter um suporte líquido à altura dos sólidos que iam vindo para a mesa. Brindou-se também à memória de uma grande amiga brasileira, que adorava aquele local. Um dia não são dias! O João Nunes, na ausência momentânea do pai Pedro, fez-nos as honras da casa. Faço notar, além de tudo, que o serviço de mesa do São Gião é impecável, com a delicadeza nortenha a marcar um profissionalismo sem falhas. 20 valores! Onde fica o São Gião? Em Moreira de Cónegos, a dois passos de Guimarães, ao lado do estádio do Moreirense (que ontem deu 3-0 ao Torreense, resultado infelizmente logo copiado, com imensa falta de imaginação, ali perto). Ainda bem que Moreira de Cónegos é longe de Lisboa! Se o São Gião ficasse em Moscavide, eu já estava arruinado! Porque alguns perguntam: e o preço? Adequado, é o que posso dizer.
20.8.22
Restaurante da Pousada (Santa Maria do Bouro)
19.8.22
“Victor” (São João de Rei)
17.8.22
“Cruzeiro” (Santa Maria do Bouro)
Há quantos anos conheço o "Cruzeiro", em Santa Maria do Bouro? A casa tem 63 anos. Devo ter ido por lá, a primeira vez, nos anos 80, quando o Gerês andava muito no meu roteiro regular de férias. Quase que aposto que a lista não devia andar longe daquilo que ainda hoje é: o cabrito, o bacalhau, a carne assada, as papas de sarrabulho, os rojões, o pernil e coisas assim. Até das rabanadas da casa me lembro. Hoje, voltei a almoçar lá. Era um dia “impossível”! Nos agostos, há um mundo a pousar por ali, muitos emigrantes com família, muito viajante pelo Minho, que já aprendeu onde se come bem. O “Cruzeiro” não aceita reservas para depois do meio-dia-e-meia. Assim, à chegada, há que “dar o nome” e esperar. E assim fiz e fiz muito bem. Dez minutos depois, com a casa a abarrotar, na ordem devida, estávamos sentados e tudo começou a chegar, na sequência certa, cozinha rápida, simpatia e diligência no serviço, impecável de eficiência e elegância (guardanapos de pano, claro). Ah! E comeu-se bem. Aproveitei a passagem, junto à mesa, da Dona Maria Isabel, a conhecida proprietária que ainda hoje dá uma mão, no meio daquela azáfama, para a felicitar pela qualidade do que o “Cruzeiro” há anos nos proporciona. Querem saber quanto custou um cabrito para dois, antecedido de sopa, sobremesas, pão e manteiga e meia de Esteva? 35 euros! É verdade! Como antes se dizia: há um Portugal desconhecido que espera por si.
“Beach Club” (Soltróia)
15.8.22
Gonçalves (Carrasqueira)
O Retiro do Pescador (da Sílvia) estava fechado. O Rola não atendia o telefone. A Escola também não. O Grão de Bico não servia jantares. Aquilo, lá por Tróia, está sem grande graça. Achámos que, na Comporta, o São João e a Cervejaria não deviam ter lugares. Nem pensei em tentar conseguir uma mesa, a uma hora decente (às vezes, propõem que cheguemos num horário que é mais adequado a um lanche, outras vezes já a cair para uma ceia), no Dona Bia, no Gomes ou no Museu do Arroz. Nem nos restaurantes das praias, onde as melgas nos comem vivos, desde os parques de estacionamento (será minha impressão ou este ano há menos?). Decidimos, assim, ir ao Gonçalves, na Carrasqueira. Lembrei-me, ao chegar, que ali tinha cruzado, uma noite, o meu amigo Caetano da Cunha Reis (e telefonei dali à Mami, a saudar a memória do Caetano). Nesta ida ao Gonçalves, comeu-se como sempre, sem exceção, se comeu por lá: relativamente bem. O meu prato, contudo, que parecia uma coisa simples, demorou imenso a aparecer. O serviço foi agradável, mas ineficaz face à gestão temporal da cozinha, onde vislumbrei um funcionário com um turbante com a cor do rótulo da quinta do Vallado. A conta final não surpreendeu. Saldo? Treze valores, desta vez, para utilizar uma medida clássica.
14.8.22
“Cavalariça” (Comporta)
Tinha ido lá, a última vez, no saudoso tempo em que ninguém ainda tinha ouvido falar do almirante Gouveia Melo, isto é, fui lá antes da pandemia. Trazia na memória “mixed feelings”. A comida tinha sido boa, mas o serviço era um pouco “casual arrogant” (ou “a armer”, como diz, em erro francês deliberado, uma familiar minha), o preço era demasiado “puxadote”. Por essa altura (agora não é muito diferente, a bem dizer), salvo nas praias, a Comporta tinha poucas alternativas onde se podia ir à confiança. Passando ao que importa: está-se a comer muito bem, nos dias de hoje, no Cavalariça! Comida imaginativa, lista interessante, muito bem confecionada e apresentada, serviço de mesa muito agradável (que não percam o profissionalismo dessa brasileira de Santa Catarina!), preço, naturalmente, “a condizer”. Mas sai-se com a satisfação de ter gasto bem o que lá se deixou.
13.8.22
Il Mercato (Lisboa)
20.7.22
Geographia (Lisboa)
O “Geographia” é, dos restaurantes “íveis” (isto é, restaurantes a que se pode ir), o que fica situado mais próximo do local onde vivo. Onde fica? Basta dizer que, da porta do restaurante, se vê a parede lateral do Museu Nacional de Arte Antiga.