O cenário não era muito promissor, para quem entrava pela área da tasca, sempre apinhada de “classe operária” barulhenta, com o ambiente de lugares lisboetas do passado, tonéis ao fundo e cheiro a serrim. Com a cabeça quase a desaparecer, movimentavam-se atrás do balcão uma figura com óculos de fundo de garrafa e um outro empregado redondo e sempre sorridente, que aviavam das melhores “sandes” de presunto da cidade, A sala, separada por um tabique, tinha fileiras de mesas, lugares lado-a-lado e frente-a-frente, toalhas e guardanapos de papel, ambiente solto e galhofeiro ao almoço, mais familiar e “tête-à-tête” ao jantar. Na cozinha, cuja azáfama se seguia à distância, pontificava a simpática dona da casa, cara fresca arredondada, auxiliada, entre outras, por uma vetusta senhora que parecia saída dos tempo do Fernando Pessa – ele também um cliente habitual, tratado com grande carinho. O dono fazia a sua aparição junto dos “habitués”, que eram muitos, anotando falhas e lembrando o serviço em atraso. A lista era curta, verde por fora, num plástico sebento, com acrescentos à mão. A “Imperial” fazia jus ao nome com uma óptima cerveja, que acompanhava camarões, antecedendo os pratos “substanciais”, em travessas de alumínio, de que recordo uma recomendável vitela assada e o cozido do sábado. Por cansaço do dono a "Imperial" fechou já há alguns anos. É a vida!
Bem merecido ! A Imperial era uma catedral, não digo de gastronomia de topo, mas de uma cozinha cuidada e com um ambiente que vai desaparecendo em Lisboa.
ResponderEliminarQue saudades.
ResponderEliminarEra a única, naquela altura, para mim anos 60 / 70.
E a fábrica de cerveja, em frente, que dava um movimento extraordinário áquela zona.
A Imperial vai ter um prédio novo em cima.
A fabrica de cerveja é um terreno baldio que se mantém há anos.
Para especulação.
Hoje, naquela zona, existem dezenas de restaurantes abertos pós Caixa Geral de Deepósitos. Mas, qualidade, bye bye.
Porque não encontrei este lugar antes ?
ResponderEliminarContinua com o teu trabalho. Parabéns
http://multimilionario.blogspot.com/
Até morrer foi o restaurante preferido do Fernando Pessa.
ResponderEliminarTinha o privilégio de ter uma mesa marcada.
Que saudades da Imperial!!!
ResponderEliminarParabéns pelo Blog, que vem preencher uma lacuna cultural fundamental!
Pedimos-lhes que verifiquem estas nossas modestas sugestões:
Lampreia - para nós a melhor é a da "Tasca do João", estrada do Lumiar, Lisboa.
Peixe fresco e marisco - o "caravela", em São Martinho do Porto, junto ao cais.
Também temos saudades do São Rosas, em Estremoz.
Por hoje é tudo, mas não deixaremos de contribuir para esta profunda discussão, sempre que for oportuno!
No Campo Pequeno, mais propriamente na Rua de Entrecampos, junto à linha do comboio, come-se belo peixe fresco assado no Entrecopos. Experimentem a cabeça de garoupa, ou os robalos da Praia da Adraga.
ResponderEliminarAinda para o peixe fresco assado, temos o Orelhas, em Queijas. Muito recomendável.
O Sr. José Ferreira que me desculpe mas o Poeta Fernando Pessoa nunca conheceu a cervejaria Imperial do Campo Pequeno que ficava na Sacadura Cabral ao Campo Pequeno e vou-lhe dizer porquê,primeiro porque ele faleceu no dia 30 de Novembro de 1935 e em segundo lugar quem abriu esse estabelecimento no inicio dos anos cinquenta foi o meu pai e que pouco tempo depois deu sociedade ao ultimo proprietário, pessoa que eu conheçi bem e que agora não me recordo o nome.Talvez esteja a fazer confusão com outra cervejaria que ficava junto à praça de touros do Campo Pequeno, que era o José Ricardo, onde o meu pai tambem trabalhou cerca de 20 anos desde os finais dos anos 30.Local onde tambem se comia e bebia bem pela noite dentro.
ResponderEliminarAmérico Dias
Não era a única cervejaria do genero que existia na altura em Lisboa, existia o Jose Ricardo, a Brilhamar na Av. de Roma, a Alga junto à Av. de Roma o Tico Tico ao lado do Jé do Rio que depois se juntaram e ainda hoje existe na Av. Rio de Janeiro, entre tantas outras.
ResponderEliminarAs minhas desculpas para o Sr. Jose Ferreira li mal o seu comentario tinha escrito Fernando Pessa e eu li mal pensei que fosse Fernando Pessoa.
ResponderEliminarAmerico Dias
necessario verificar:)
ResponderEliminarOs Irmãos Andrade e outros do grupo dos Parodiantes de Lisboa eram frequentadores habituais. Muitas vezes lá os vi.
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