Comecemos pelo "Galito", em Lisboa, perto do Colombo. Para quem não saiba, o "Galito" é o único restaurante lisboeta que apresenta um menu exclusivamente alentejano. Claro que os excelentes "Salsa & Coentros" e "Magano", respetivamente em Alvalade e Campo de Ourique, têm belos pratos alentejanos. Como também acontece com o "Colunas", na Amadora, e com o "Zé Varunca", em Paço d'Arcos. Mas, totalmente alentejano, só o "Galito", onde o Henrique nos procura compensar a saudade que todos temos da Senhora sua Mãe, a Dona Gertrudes, que recordo nos vinha perguntar gentilmente à mesa, nas duas geografias anteriores do restaurante, se estava tudo bem. Uma vez mais, na visita de há dias, estava tudo bem por ali, salvo a "tragédia" conjuntural da falta das ameixas de Elvas, um pormaior de abastecimento que afeta o acompanhamento da sericaia, crise para a qual o Apolino, no "Tomba Lobos", em Portalegre, me tinha já alertado, há semanas.
Passemos ao "Geographia", a mesa mais próxima da minha casa, um restaurante onde vou cada vez mais, e com grande gosto, apresentando-o com prazer a amigos que ainda não conhecem este criativo espaço onde se cruzam memórias culinárias dos lugares por onde os portugueses andaram, de Cabo Verde a Timor. Situado na Lapa, na área lateral do Museu Nacional de Arte Antiga, o "Geographia" é uma iniciativa do Miguel Júdice, alma inquieta da restauração e hotelaria que hoje (se e nos) alimenta no sofisticado "Eleven" e que teve um interessante percurso restaurativo (como o "Orangerie", no Algarve), hoteleiro (como o "Infante de Sagres", no Porto) ou misto (o "Arcadas da Capela" no hotel Quinta das Lágrimas, em Coimbra).
Mudemos de agulha geográfica. Passemos à Carrasqueira - é esse mesmo o nome - uma aldeia de pescadores a meia dúzia de quilómetros da Comporta. Com o "Retiro do Pescador" (da minha amiga Sílvia) e com o "Rola" fechados, fui ao "Gonçalves". E não é que comi muito bem, como já me não recordava de ter comido por ali, há anos?! Com um serviço simples mas eficaz, umas belas ameijoas abriram vontade para um arroz de marisco muito bom, que uso na imagem. Demorou a chegar (o que é sempre bom sinal de que está a ser feito na hora), mas valeu a pena. O preço, contudo, deslizou para números "comportáveis", isto é, próximos dos da Comporta. Parece que é a vida!
Acabo no "Grão de Bico", no complexo do Pestana, junto a Soltróia. A lista mudou, mas é equilibrada, tendo inflacionado um pouco os preços. O que foi servido era de boa qualidade e estava muito bem apresentado. O serviço foi educado e isso ficou melhor provado quando teve de aturar a nossa (compreensível) impaciência pelo facto de termos tido de esperar quase uma hora pelo que foi pedido, circunstância desagradável que constatámos que foi comum a outras mesas, de uma das quais os ocupantes acabaram por zarpar porta fora, cansados de esperar. Ao que apurámos, na cozinha havia apenas duas pessoas, manifestamente incapazes de dar vazão à mais de meia centena de clientes. Assim não dá! Não é possível manter um restaurante desta forma, coisa que os responsáveis desta casa devem aprender. E lhes deve ser dito, como deixei patente ao pessoal, alto e bom som.
Aqui ficam quatro notas, que espero possam ser de utilidade a quem por aqui me lê.
Fiquei a salivar com a foto do Arroz de Marisco. Também faço, se calhar com menos quantidade de marisco mas mesmo assim faz jus ao nome.
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