Chaves do pecado…
Comecemos pelo óbvio: o principal pecado que Chaves convoca, para o que
aqui nos traz, é o da gula, como não podia deixar de ser.
Outros pecados por lá haverá, estou certo, não perpassasse pela cidade
aquele ambiente de transgressão que as urbes raianas acarretam sempre consigo, vindo
dos tempos das travessias clandestinas das fronteiras, com a política ou a
necessidade económica como motivo. Já vai longe, felizmente, a era do
contrabando em que se ia à Aninhas Vitorino ou das combinas, às mesas do Aurora
ou do Comercial, sobre a forma de facilitar a um amigo a passagem para o outro
lado de Vila Verde da Raia. Hoje, nesta terra de generais da Liberdade, como
foram Sousa Dias ou Costa Gomes, o único “contrabando” é o das calorias que a
culinária local, apoiada nos excelentes produtos da região, nos impõe.
Mas este texto é sobre a cidade ou sobre um restaurante,
impacientar-se-á o leitor? É sobre o “Carvalho”, um restaurante moderno “à
antiga”, que, há vários anos, considero ser a melhor mesa da cidade, com uma
cozinha genuína e de grande qualidade, um local de onde nunca saí desiludido.
Voltei lá, há dias. Decidi, por esta vez, assentar a refeição exclusivamente
nas carnes, se bem que a oferta de peixe (sável, garoupa, linguado, rodovalho,
congro, pescada e, claro, bacalhau) fosse muito prometedora.
Começou-se com uma alheira (feita na casa), de grande qualidade, e com
salpicão no borralho, com acompanhamento de grelos. Resisti ao presunto de
Chaves, um dos melhores do país, e à linguíça assada.
Como pratos “de resistência” foram os três que pareceram
representativos.
Uma vitela no tacho com castanhas fez honra à carne da região, com uma
textura excelente, um molho muito saboroso, a que as castanhas se ligavam à
perfeição. Depois, provou-se o cordeirinho assado no forno, extremamente tenro
e com um paladar como requerido. Finalmente, foi-se por uns milhos com
costelinhas, que eu diria quase ao nível daqueles que a dona Fernanda nos serve
na Ucanha, perto de Tarouca, e que tenho como referência do sabor ideal.
Diga-se que as carnes, no Carvalho, não se ficam por aqui. Já por lá
provei o naco de vitela de grande qualidade, tenho saudades do seu arroz de
fumeiro e, “last but not least”, a dona Ilda – chefe desta cozinha exemplar,
que às vezes espreita às mesas para olhar as nossas caras regaladas – faz um
arroz de frango de cabidela de se comer e chorar por mais.
Sobremesas? É uma lista grande, com as coisas óbvias e outras que o são
menos. Escolhemos três “pecados” de doçaria: as migas do Carvalho (com chila,
ovos’ amêndoa e vinho do Porto), o aveludado de laranja e as rabanadas – que
aqui se fazem ao longo do ano e com uma leveza e textura muito raras.
Restam os vinhos. A lista de sugestões não é muito longa. Optei por um
Carm tinto 2011, do Douro superior, um vinho intenso que sempre tenho como uma
aposta segura.
O serviço do restaurante é impecável, de um profissionalismo quase sem
falhas. Este é, sem a menor dúvida, um dos mais seguros valores da restauração
transmontana. Regressarei ao Carvalho sempre que possa. Que posso dizer mais?
Restaurante Carvalho
Alameda do Tabulado
Tel. 276 321 727
Preço médio: 25 euros
Reserva recomendada
Fecha à 2a feira
Wifi
Opções na área
Em Chaves, a preços mais módicos, recomendo o simples Aprígio (276 321
053). Em Vidago, bastante mais caro mas de grande qualidade, é o Restaurante
gourmet do Hotel Vidago Palace (276 990 920)
Hola Francisco: Soy un blogger espanhol y pronto voy a hacer un viaje a lisboa, donde hace muchos años que no estoy. Si fueras tan amable de mandarme recomendaciones de sitios para ir, te lo agradecería mucho. Tres o cuatro, de lo que tu recomendarías a un amigo. Da igual si son formales o no. Mi blog es randolo.blogspot.com y mi email eolodios@outlook.com perdona por escribirte en español. Gracias por anticipado
ResponderEliminarServiu para me recordar, e bem, que devo regressar a Chaves, onde já fui tão feliz enquanto comensal.
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