23.10.22

Solar dos Duques (Lisboa)


Quando, há pouco mais de seis anos, a Petra e o Robert tomaram conta do Solar dos Duques tenho a sensação de que alguns membros da comunidade tradicional de clientes se interrogaram sobre se o restaurante, que já era visto como um clássico, pelos padrões de Campo de Ourique, não iria ser descaraterizado.

Muitos conheciam a Petra do vizinho “Stop do Bairro” - embora eu assuma que, contrariamente a muitos amigos, nunca consegui ser um fã daquela casa. Mas uma mudança, num restaurante, nunca é sossegante. Há um forte conservadorismo nas clientelas, que as leva, em regra, a serem avessas a quebras das suas rotinas gustativas: se se vai com regularidade a uma casa é porque gostamos do que nos servem por lá, pelo que a chegada de uma nova gerência é sempre recebida com alguma dúvida.

A Petra e o Robert provaram, em pouco tempo, que as inquietações dos clientes do Solar não tinham razão de ser. Com inteligência e sensibilidade comercial, mantiveram o essencial da oferta gastronómica anterior, com escassas adaptações, pelo que rapidamente aquietaram as (também minhas, confesso) preocupações.

O Solar dos Duques mantem-se, nos dias de hoje, como uma casa sólida e com uma qualidade constante, graças a uma estabilidade na cozinha que a isso tem ajudado, embora com cíclicas flutuações no serviço de sala que os proprietários procuram colmatar.

A pandemia constituiu um abalo forte para o Solar, que esteve fechado por muito tempo, não recorrendo ao “take away”. Recordo-me de por lá ter ido, após a reabertura, em dias difíceis e quase desalentadores. Mas a Petra e o Robert conseguiram, com o seu profissionalismo e determinação, dar a volta à crise, saindo dela sem recurso a um aumento especulativo dos preços.

Para quem não conhece o Solar dos Duques, direi que se trata de um simpático restaurante burguês (é um conceito que prezo), que trabalha com produtos de qualidade, dispondo de um espaço agradável, com um bom ambiente, uma lista equilibrada e uma oferta de vinhos razoável, a preços aceitáveis, ainda que passível de alguma afinação na diversidade.

Três notas finais. A primeira para dizer que estacionar em Campo de Ourique “é obra”, salvo no parque junto à igreja, que não fica longe. A segunda é que convém reservar sempre (213 872 674), porque há dias de enchente. A terceira é que não se deve confundir, como muita gente faz, o Solar dos Duques, que fica em Campo de Ourique, com o Solar dos Nunes, em Santo Amaro, aliás, uma casa também estimável.

O Solar dos Duques continua a ser uma das minhas “cantinas” regulares em Lisboa.

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