21.12.24

"Quem quer regueifas?"

 


Sou de um tempo em que, à beira da estrada antiga entre o Porto e Vila Real, havia umas senhoras a vender regueifas. Aquele pão também era proposto, à passagem em Valongo ou em Paredes, a quem ia de comboio na linha do Douro ou viajava nas camionetas do Cabanelas, com vozes a inquirir, bem alto: "Quem quer regueifas?" 

A regueifa, tostada ligeiramente por fora, tem uma textura muito própria e liga lindamente com qualquer doce, ou barrada simplesmente com manteiga. Para mim, o maior defeito da regueifa é que, passadas algumas horas, o miolo torna-se borrachoso e passa àquilo que, em minha casa, se costuma designar por "fase Firestone" dos pães. Acontece o mesmo com as baguetes de pão francês. Para evitar isso, só há uma solução: congelar ou comer logo. Sou um adepto militante da segunda solução.

Na nova A4, não há regueifas à venda, claro. E, ontem, sei lá bem porquê, talvez nostalgia de outros Natais, apetecia-me comer uma regueifa. Por isso, saído do Porto, deu-me para regressar à "estrada velha" e ir à procura de regueifas. Bati com o nariz no balcão de várias casas: as regueifas já estavam esgotadas, tinham-se vendido da parte da manhã. Para um cliente vespertino como eu, era uma péssima notícia. Mas não desisti. E, com a ajuda do "tio Google", consegui comprar uma bela regueifa nos arredores de Penafiel (embora o seu formato não seja o clássico que figura na imagem). Deixo o nome da casa, uma magnífica pastelaria, com serviço extremamente atencioso, não longe do hospital: "Cacaulate". Entrei à procura de regueifas, deixei-me atrair também pelos doces. É a vida! Tão cedo não faço análises, é o que me vale...

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